A África do Sul não tinha de provar que um genocídio estava em curso em Gaza; tudo o que tinha de demonstrar é que o Tribunal Internacional de Justiça - conhecido como o “Tribunal do Mundo” e órgão das Nações Unidas - tinha competência para avaliar o assunto, recorrendo a argumentos tão contundentes quanto o número de mortos e a deslocação forçada de palestinianos em Gaza. O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) concluiu que, numa primeira análise, vários atos cometidos em Gaza podem, sim, estar abrangidos pela Convenção do Genocídio. A vitória para os palestinianos não foi total - já que não houve pedido para um cessar-fogo imediato -, mas o primeiro veredicto é desconfortável para Israel.
Durante vários minutos, a juíza presidente do TIJ referiu-se à linguagem inflamada usada por autoridades israelitas, que “comprova a intenção” do país de cometer genocídio. Joan Donoghue citou Israel Katz, que, em outubro, quando era ministro das Infraestruturas israelitas, escreveu, na rede social ‘X’: “Vamos combater a organização terrorista Hamas e destruí-la. Toda a população civil de Gaza tem ordens para sair imediatamente. Nós venceremos. Eles não receberão uma gota de água ou fornecimento de gás até que saiam." Joan Donoghue fez ainda menção à utilização das palavras “animais humanos”, por parte do ministro da Defesa de Israel: Yoav Gallant.anunciou um “cerco completo” a Gaza e disse que Israel estava a lutar contra “animais humanos”. Admitindo, por isso, que o povo palestiniano atende aos critérios necessários para ser considerado como grupo vulnerável, de acordo com os termos da convenção do genocídio. “Os palestinianos parecem constituir um grupo nacional, étnico, racial ou religioso distinto e, portanto, um grupo protegido, ao abrigo do artigo 2.º da convenção sobre o genocídio”, entendeu a representante do Tribunal Internacional de Justiça.
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