“A sinagoga contra a qual atiraram cocktails Molotov era a minha sinagoga. Eu vivi lá. As paredes onde pintaram estrelas de David, atingidas por pedras e garrafas, eram as paredes dos cafés, das ruas que eu frequentava. Acima de tudo, senti solidão. Nunca me perguntaram como estava. Se conhecia algum dos mortos, ou dos reféns. Ninguém. E se eu falasse do 7 de outubro, respondiam-me logo com Gaza. Como se o ataque do Hamas fosse não só uma reação à ocupação, como a reação certa. De repente, percebi que Berlim já não era a minha casa. Na verdade, nunca foi.” Há cinco anos, Ayala Odenheimer, de 31 anos, mudou-se para a Alemanha, país de origem da sua família. Após o aumento do antissemitismo a seguir ao ataque de 7 de outubro, decidiu regressar a Israel.
Não voltou a Jerusalém, sua cidade-natal. Foi diretamente para Masafer Yatta, a sul de Hebron, uma das zonas mais concorridas da Cisjordânia. Aqui os colonos são dos mais extremistas, e sempre houve confrontos, até hoje. Só que agora é diferente. Cada vez mais israelitas chegam de todo o país para proteger os palestinianos. Fazem turnos. Não são ativistas nem têm uma organização atrás deles. É tudo passa-palavra. Vai um, vem outro.
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