Guerra no Médio Oriente

Maioria dos médicos e doentes do hospital al-Shifa abandonou o local depois de Israel ter dado uma hora para evacuação

Maioria dos médicos e doentes do hospital al-Shifa abandonou o local depois de Israel ter dado uma hora para evacuação
BASHAR TALEB / AFP / GETTY IMAGES

Forças armadas de Israel terão dado uma hora para que os cerca de 2300 pacientes, pessoal médico e deslocados abandonassem no hospital da cidade de Gaza. Maioria foi forçada a sair a pé, havendo relatos de doentes em estado crítico, incluindo prematuros, deixados para trás

A maioria do pessoal médico e dos pacientes que se encontravam no hospital al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, abandonou o local depois de um ultimato militar de Israel, cujo Exército nega ter dado.

Pelo menos cinco médicos permaneceram no hospital para supervisionar a coordenação da partida de cerca de 120 feridos que permaneceram nas suas instalações, bem como de 30 bebés prematuros, segundo um comunicado da direção-geral do ministério da Saúde de Gaza.

Os testemunhos citados pelo ministério da Saúde refletem momentos de caos e angústia no interior do complexo médico antes da evacuação, como o facto de "muitas crianças e adultos não poderem continuar a caminhar" ao longo do percurso fornecido pelas tropas para a rua Al Wahda, na direção da estrada Salah al Din. Esta estrada é a via estabelecida por Israel para os palestinianos do norte de Gaza se deslocarem para sul.

O diretor do ministério da Saúde, Munir al-Barsh, foi uma das pessoas que abandonaram o centro e, segundo o seu testemunho, toda a área em redor do hospital está "totalmente destruída".

"Ouvimos os feridos e não pudemos ajudá-los, havia pessoas a morrer", disse al-Barsh, citado pelo ministério, antes de advertir que muitos doentes podem morrer no caminho da retirada, que são obrigados a fazer a pé, disse.

O responsável disse ainda que os 30 bebés prematuros que estavam a ser precariamente tratados no hospital, que está praticamente fora de serviço há dias devido a um corte de energia e à falta de combustível por causa do cerco israelita, permaneceram no hospital.

Segundo o responsável, foram coordenados esforços com a Cruz Vermelha para que a organização possa cuidar dos bebés.

No entanto, lamentou a morte de seis bebés prematuros devido à situação precária, bem como a morte de seis doentes de diálise e de 22 outras pessoas na Unidade de Cuidados Intensivos.

O supervisor das urgências do centro, Omar Zaqut, que também foi retirado, insistiu que o Exército os tinha tirado do hospital "sob a mira de uma arma" e exortou-os a usar uma bandeira branca ou lenços brancos.

O ministério da Saúde, controlado pela ala política do grupo islâmico Hamas, também mostrou imagens supostamente anteriores à evacuação da área de emergência, mostrando o caos total com pacientes deitados no chão e dezenas de pessoas a circular.

O Exército israelita negou hoje ter dado um prazo de uma hora aos médicos, doentes e pessoas deslocadas que permaneciam no hospital palestiniano al-Shifa.

De acordo com o IDF, o Exército concordou "com o pedido do diretor do hospital al-Shifa para permitir que outros habitantes de Gaza que se encontravam no hospital e que desejavam sair o fizessem através de uma rota segura".

Anteriormente, o ministério da Saúde de Gaza tinha informado que "o Exército de ocupação dá aos médicos, doentes e pessoas deslocadas a possibilidade de sair do hospital Shifa em Gaza no prazo de uma hora".

O Exército israelita afirma que o al-Shifa esconde um centro de comando do Hamas e é, portanto, um alvo militar, onde também suspeita que o Hamas tenha escondido os reféns que raptou em Israel em 7 de outubro.

Em 07 de outubro, o movimento islamita Hamas desencadeou um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como terrorista pela UE e pelos Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo em Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

Os bombardeamentos israelitas por ar, terra e mar causaram mais de 12 mil mortos, na maioria civis, na Faixa de Gaza, de acordo com dados do Hamas.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate