Guerra no Médio Oriente

"Não podemos ignorar o contexto mais alargado destes acontecimentos trágicos": Guterres exige cessar fogo por razões humanitárias

"Não podemos ignorar o contexto mais alargado destes acontecimentos trágicos": Guterres exige cessar fogo por razões humanitárias
KHALED DESOUKI/ Getty Images

O secretário-geral das Nações Unidas pediu o fim do conflito, um cessar-fogo imediato depois de contextualizar o sofrimento dos palestinianos

O secretário-Geral da ONU não acalmou as vozes críticas que o acusam de estar preocupado com o povo palestiniano, embora tenha feito questão de considerar legítima a necessidade de Israel proporcionar segurança aos seus civis. A solução de dois Estados foi recordada como única saída. António Guterres apelou ainda a um cessar-fogo imediato, para assim poder conceder ajuda humanitária aos palestinianos que estão cercados em Gaza e à libertação de reféns.

No discurso que fez este sábado no Cairo disse: “Sejamos claros. As queixas do povo palestiniano são antigas e legítimas. Não podemos ignorar o contexto mais alargado destes acontecimentos trágicos. O conflito que se arrasta e os 56 anos de ocupação sem fim à vista. Mas nada poderá justificar o repreensível ataque do Hamas que aterrorizou os civis israelitas. Esses abomináveis ataques não podem nunca justificar a castigo do povo palestiniano.”

A situação humanitária necessita de um "compromisso para muito mais", por parte de Israel e do movimento islamita Hamas, e de um cessar-fogo, afirmou o antigo primeiro-ministro português, noticiou a Lusa. “Uma caravana de 20 camiões do Crescente Vermelho egípcio está a circular hoje. Mas o povo de Gaza precisa de um compromisso para muito, muito mais, uma entrega contínua de ajuda a Gaza à escala que é necessária. Estamos a trabalhar incansavelmente com todas as partes para o conseguir”, continuou.

Na sexta-feira passada, Guterres deslocou-se à passagem de Rafah, que liga o Egito ao enclave palestiniano, para supervisionar os preparativos para a abertura da fronteira, após dias de espera pela autorização israelita, e a reparação da estrada que liga a Gaza, danificada pelos bombardeamentos: “Ontem [sexta-feira] fui à fronteira em Rafah. Vi um paradoxo: uma catástrofe humanitária que se desenrola em tempo real. Por um lado, vi centenas de camiões cheios de alimentos e outros bens essenciais. Por outro lado, sabemos que, do outro lado da fronteira, há dois milhões de pessoas sem água, alimentos, combustível, eletricidade e medicamentos”.

Guterres chamou a atenção para a necessidade de cumprir a Lei Internacional, incluindo as convenções de Genebra, nas quais se inclui a obrigação de proteger civis, não atacar hospitais, escolas, que neste momento dão proteção a cerca de meio milhão de palestinianos.

Durante o seu discurso, afirmou que os objetivos a curto prazo da ONU devem ser claros, incluindo "assistência humanitária imediata, irrestrita e sustentada para os civis sitiados em Gaza, a libertação imediata e incondicional de todos os reféns", bem como "esforços imediatos e dedicados para impedir a propagação da violência que está a aumentar o risco de alastramento".

De acordo com as autoridades israelitas, mais de 1400 pessoas foram mortas em território israelita pelos combatentes do Hamas desde 7 de outubro, a maior parte das quais civis; que foram baleados, queimados vivos ou mutilados no primeiro dia de ataque dos combatentes de Gaza.

Na Faixa de Gaza, 4358 palestinianos, na sua maioria civis, foram mortos nos bombardeamentos levados a cabo pelo exército israelita em represália, segundo o Ministério da Saúde do Hamas em Gaza.

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