Médio Oriente

Irão diz ter recebido carta de Trump para negociar programa nuclear (mas recusa negociar)

Abbas Araghchi, ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão
Abbas Araghchi, ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão
Pedro Nunes/ Reuters

"Quando o Presidente dos Estados Unidos diz que está pronto para negociar com o Irão e nos convida para o diálogo, está a enganar a opinião pública mundial", disse Khamenei, num encontro com estudantes em Teerão

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araqchi, disse ter recebido uma carta do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a pedir a Teerão para negociar o programa nuclear, informou esta quinta-feira a imprensa iraniana.

"Recebi o senhor Anwar Gargash, conselheiro diplomático do Presidente dos Emirados Árabes Unidos. Além das conversações sobre questões mútuas e regionais, também recebi uma carta do Presidente dos Estados Unidos", disse Araqchi no final da noite de quarta-feira, de acordo com a agência de notícias oficial IRNA.

O chefe da diplomacia iraniana não tornou público o conteúdo da carta de Trump, que anunciou na sexta-feira passada ter enviado uma mensagem ao Irão, na qual instava a negociações sobre o programa nuclear do país persa e fazia referências a uma possível ação militar caso não houvesse diálogo.

Se por um lado apelou para negociações, por outro, o republicano retomou a chamada política de "pressão máxima" contra o Irão, aprovando novas sanções para bloquear a venda de petróleo iraniano.

No momento em que Gargash entregava a carta a Araqchi, o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, recusou mais uma vez negociar com os EUA.

"Quando o Presidente dos Estados Unidos diz que está pronto para negociar com o Irão e nos convida para o diálogo, está a enganar a opinião pública mundial", disse Khamenei, num encontro com estudantes em Teerão.

A mais alta autoridade política e religiosa da República Islâmica garantiu que Trump apenas convida ao diálogo para dizer que "o Irão se recusa a negociar" e recordou que, no primeiro mandato (2017-2021) como Presidente norte-americano, abandonou o pacto nuclear de 2015.

Este pacto limitava o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções e foi assinado entre Irão e Alemanha, Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos, que o abandonou e reintroduziu unilateralmente medidas económicas contra Teerão.

O Irão está a enriquecer urânio muito acima do nível permitido e possui 274 quilos enriquecidos a 60% de pureza, perto dos 90% para uso militar, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

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