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Ben-Gvir vs. Gallant, a “guerra de espadachins” que está a empurrar Israel para os extremismos

Ben-Gvir vs. Gallant, a “guerra de espadachins” que está a empurrar Israel para os extremismos
Anadolu via Getty Images

Os dois ministros são os principais protagonistas da luta interna pelo poder no complexo governo, onde estão sete partidos. Para Tiago André Lopes, Ben-Gvir é um ministro que acha ter uma “missão bíblica”; Yoav Gallant, contudo, já olha para uma possível ascensão a substituto do pressionado primeiro-ministro

Ben-Gvir vs. Gallant, a “guerra de espadachins” que está a empurrar Israel para os extremismos

Hélio Carvalho

Jornalista

Cada coligação governamental tem as suas divergências, choques e picardias. Mas, em Telavive, os típicos comentários velados e recados subtis foram substituídos por críticas vorazes e ataques sem filtros. Nos bastidores do aparentemente unido gabinete de guerra de Benjamin Netanyahu, dois ultranacionalistas têm-se atacado mutuamente e procurado descredibilizar um ao outro, com a expansão dos colonatos ilegais e o futuro político de cada um no foco das tensões no centro do governo de Israel.

Na segunda-feira, o ministro da Defesa Nacional, o controverso Itamar Ben-Gvir, pediu abertamente que o primeiro-ministro despeça o seu colega, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, por considerar que o desmantelamento de um colonato na Cisjordânia é “uma derrota”, segundo citou o “The Times of Israel. Antes, em fevereiro, Gallant dizia que Ben-Gvir “não faz parte da liderança que toma decisões” em questões de segurança.

Para Tiago André Lopes, professor na Universidade Portucalense e especialista em assuntos internacionais, a troca de críticas assemelha-se a “uma guerra de espadachins”, fomentada pelas ambições políticas e expansionistas de Ben-Gvir e dos ultraortodoxos que lidera.

“Nós só conseguimos entender Ben-Gvir se nunca nos esquecermos que ele é um cidadão ultraortodoxo e, portanto, não olha para a política como nós e como Gallant, ou mesmo Netanyahu, numa lógica racional do custo-benefício, mas antes numa lógica de missão quase teológica. Esta é uma missão bíblica que ele está a encabeçar”, explicou o docente e também comentador na CNN Portugal, em entrevista ao Expresso.

As tensões entre os colegas do executivo não são novas, antecedem a guerra iniciada a 7 de outubro. E não são surpreendentes, tendo em conta a complexa ginástica política que Benjamin Netanyahu fez para segurar o poder. A atual coligação responsável pelos destinos de Israel é composta por sete partidos: além do nacionalista Likud, de Netanyahu; incluiu os partidos sionistas e de extrema-direita Shas, Partido Sionista Religioso (Tkuma), Noam e Otzma Yehudit (Poder Judeu), de Ben-Gvir; o conservador mas antisionista Tora Unida; e o Unidade Nacional, de Benny Gantz, de centro-direita.

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