Guerra na Ucrânia

Ministra norte-coreana visita Moscovo depois de o país enviar 11 mil soldados para a Rússia: o 980.º dia de guerra

Danos causados por ataque russo em Kiev
Danos causados por ataque russo em Kiev
Global Images Ukraine

Encontro entre responsáveis pela pasta dos Negócios Estrangeiros serve para “conversações estratégicas”. Autoridades sul-coreanas afirmam que a Coreia do Norte já enviou 11 mil soldados para a Rússia para serem destacados na Ucrânia. Secretário da Defesa norte-americano diz que estas tropas já receberam fardas e equipamento russo. Eis o resumo do essencial do conflito nesta quarta-feira

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte chegou a Moscovo para conversações com o homólogo russo, anunciou a diplomacia russa, após o Ocidente ter denunciado o envio de soldados norte-coreanos para perto da Ucrânia. A ministra norte-coreana Choe Son-hui “está em Moscovo em visita oficial para conversações estratégicas” com Sergey Lavrov, segundo a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.

A Coreia do Norte já enviou 11 mil soldados para a Rússia para serem destacados na Ucrânia, número que deverá aumentar até ao final do ano, de acordo com as autoridades sul-coreanas. O gabinete do Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, disse que pelo menos 3000 dos 11 mil soldados norte-coreanos estão no oeste da Rússia. A presença de soldados norte-coreanos na Rússia levou ao aumento da tensão entre as duas Coreias e a uma aproximação entre Seul e Kiev.

O secretário da Defesa norte-americano afirmou, num encontro com o homólogo da Coreia do Sul em Washington, que as tropas norte-coreanas destacadas na Rússia já receberam fardas e equipamento russo durante o treino no país. “Algumas destas tropas já se aproximaram da Ucrânia e vemo-las equipadas com uniformes russos e equipamento russo. Estou cada vez mais preocupado que o Kremlin utilize estes soldados norte-coreanos para apoiar as suas operações de combate na região russa de Kursk”, declarou Lloyd Austin.

Alguns analistas defenderam que a participação de tropas norte-coreanas atribui à guerra na Ucrânia “implicações maiores” para a segurança global, à medida que Moscovo aposta numa aliança contra o Ocidente, descartando efeitos práticos no campo de batalha.

Para a investigadora Darcie Draudt-Véjares, do programa para a Ásia do think tank Carnegie Endowment for International Peace, “existem razões para alarme”, porque dá um sinal de “viragem estratégica mais ampla da Rússia para a construção de uma coligação contra o Ocidente”. Para a analista, “este sistema de alianças emergente desafia os acordos de segurança pós-Guerra Fria e arrisca-se a transformar conflitos regionais em confrontos globais mais alargados”.

A investigadora Mary Glantz, do centro para a Rússia e Europa do think tank United States Institute of Peace, concorda que a participação dos norte-coreanos nos combates “representa uma escalada e um desafio implícito à Ucrânia e aos países aliados”, mas questiona os efeitos práticos no campo de batalha. “A guerra tornou-se num conflito de atrito que ceifa aproximadamente 1200 russos por dia. Com essa taxa de baixas, mesmo 12 mil soldados norte-coreanos só seriam suficientes para dez dias de operações”, observa.

Outras notícias do dia:

⇒ A Rússia negou a existência de negociações com a Ucrânia para travar os ataques mútuos às infraestruturas energéticas. “Atualmente, é publicada muita informação falsa, que não corresponde à realidade. Mesmo os meios de comunicação mais conceituados permitem-se publicar informações falsas”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, resposta a uma pergunta sobre um artigo publicado no “Financial Times”, no qual se afirmava que Kiev está a tentar retomar, com a mediação do Catar, conversações com Moscovo para pôr fim aos ataques mútuos contra as infraestruturas energéticas.

⇒ O processo de adesão da Ucrânia à União Europeia está a “avançar suavemente” e apresenta “alguns níveis de preparação” na implementação das alterações estruturais para aderir ao bloco comunitário, segundo um relatório da Comissão Europeia divulgado nesta quarta-feira. Desde 8 de julho que o executivo comunitário iniciou uma monitorização e concluiu que “o processo está a avançar suavemente” para o país, que é candidato desde junho de 2022 e que no final de 2023 recebeu “luz verde” para iniciar as negociações concretas para entrar no bloco comunitário.

⇒ Os Estados Unidos impuseram sanções a cerca de 400 empresas na Rússia e vários outros países, acusadas de ajudar o esforço de guerra da Rússia na Ucrânia e de auxiliar Moscovo a contornar sanções. O esforço liderado pelos Departamentos do Tesouro e de Estado visa punir “países terceiros” que são acusados de prestar assistência material ao Kremlin ou de ajudar a Rússia a escapar às milhares de sanções que foram impostas ao país desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

⇒ O Presidente ucraniano afirmou que o resultado das eleições legislativas na Geórgia, em que o partido no poder foi declarado vencedor, perante acusações de fraude por parte da oposição, foi uma vitória da Rússia. “É preciso reconhecer que a Rússia ganhou na Geórgia”, considerou Volodymyr Zelensky num encontro com jornalistas na Islândia, acrescentando que a Rússia está “a caminho” de implementar um cenário semelhante na Moldávia.

⇒ As autoridades russas convocaram a embaixadora finlandesa no país, Marja Liivala, para protestar contra a apreensão de bens imóveis russos, no âmbito da intensificação das sanções a Moscovo pela invasão da Ucrânia. O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo indicou, em comunicado, que a medida constitui uma resposta à apreensão de 45 imóveis situados na Finlândia e pertencentes à Rússia, incluindo os utilizados pela embaixada da Rússia para fins oficiais e “protegidos pela imunidade diplomática”.

⇒ Um tribunal de Belgorod, região russa que faz fronteira com a Ucrânia, condenou uma mulher ucraniana a 11 anos de prisão por espionagem para Kiev, informaram os serviços de segurança russos (FSB). A mulher, cuja identidade não foi revelada, foi condenada pela recolha e transmissão de informações ao exército ucraniano sobre a presença e as atividades dos militares russos em Belgorod, através da Internet, indicou a mesma fonte.

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