Guerra na Ucrânia

Zelensky vai a Londres pedir “liderança” a Starmer, ONU pede reforço de ajuda antes do inverno: guerra, dia 877

Volodymyr Zelensky assiste a reunião do Conselho de Ministros do Reino Unido
Volodymyr Zelensky assiste a reunião do Conselho de Ministros do Reino Unido
Richard Pohle/WPA Pool/Getty Images

O líder ucraniano voltou a apelar aos países ocidentais para que permitam que as forças ucranianas usem armas ocidentais em território russo, defendendo que seria um passo que “obrigaria a Rússia a procurar a paz". Na Ucrânia, a ONU alertou para a limitada capacidade energética quando já se começa a pensar no terceiro inverno sob guerra

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a apelar esta sexta-feira aos seus aliados para que levantem as restrições impostas à utilização de armas ocidentais contra a Rússia, num discurso proferido numa reunião extraordinária do Governo britânico.

O Presidente ucraniano foi o primeiro líder estrangeiro a dirigir-se presencialmente a um Conselho de Ministros do executivo britânico desde 1997, quando o primeiro-ministro trabalhista Tony Blair convidou o então chefe de Estado norte-americano Bill Clinton.

Saudado de pé pelos ministros britânicos, Volodymyr Zelensky pediu ao atual primeiro-ministro, o também trabalhista Keir Starmer, que “mostre liderança” para que o Reino Unido e os outros aliados de Kiev “levantem as restrições” aos ataques em solo russo com recurso a armas ocidentais.

Vários países da NATO impõem restrições à utilização das armas que fornecem à Ucrânia, nomeadamente mísseis de longo alcance. Alguns opõem-se a que sejam utilizados para atingir alvos em solo russo, ou apenas permitem que sejam apontados a determinados alvos específicos na periferia do território russo.

“Precisamos deste passo, um passo que obrigue a Rússia a procurar a paz”, frisou Volodymyr Zelensky, a propósito da invasão russa do território ucraniano, iniciada em fevereiro de 2022.

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Na semana passada, antes da cimeira da NATO, que decorreu em Washington, Keir Starmer reiterou a posição britânica de que a Ucrânia deveria utilizar os mísseis fornecidos pelo Reino Unido para atingir alvos russos “com fins preventivos”.

Também hoje Keir Starmer e Volodymyr Zelensky assinaram um acordo destinado a reforçar as capacidades industriais de defesa do Reino Unido e da Ucrânia e a aumentar a produção de equipamento militar e armamento. Zelensky esteve no Reino Unido para participar numa reunião da Comunidade Política Europeia que decorreu na quinta-feira perto de Oxford.

ONU insta comunidade internacional a reforçar apoio antes do inverno

O alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, instou hoje, em Kiev, a comunidade internacional a aumentar o apoio à população refugiada e deslocada na Ucrânia antes do terceiro inverno desde a invasão russa, em 2022.

A Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) vai aplicar 100 milhões de dólares para apoiar com dinheiro cerca de 600 mil pessoas mais vulneráveis naquele país, mas o aumento das necessidades humanitárias faz com que seja necessário ainda mais apoio, destacou a organização, em comunicado.

“Cada vez que estou na Ucrânia, fico impressionado com a resiliência e determinação das pessoas. Mas o nosso apoio é fundamental para ajudar a sustentar a sua força, incluindo garantir que estão seguros e aquecidos no inverno rigoroso que se avizinha, para manter as suas esperanças num futuro melhor”, afirmou Grandi, citado pela ACNUR, em visita ao país.

O alto comissário para os refugiados viajou esta semana para a Ucrânia pela quinta vez desde fevereiro de 2022 para expressar solidariedade e apelar à proteção de todos os civis afetados pelo conflito armado.

Grandi visitou o Hospital Pediátrico Okhmatdyt e outras áreas fortemente danificadas pelos ataques mortíferos russos de 8 de julho, em Kiev.

Depois de encontrar-se com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e de visitar uma central elétrica fortemente bombardeada, Grandi entregou 10 geradores às autoridades locais de Kharkiv para ajudar a manter operacionais serviços críticos da cidade.

Os ataques russos destruíram cerca de 70% da capacidade de produção de energia da Ucrânia, dificultando o aquecimento e o abastecimento de água, afetando diariamente milhões de pessoas.

A situação “poderá tornar-se ainda mais grave quando as temperaturas baixarem” novamente no próximo inverno, destaca o comunicado da ACNUR.

O plano abrangente de resposta da ACNUR faz parte de um apelo humanitário mais amplo da ONU para fornecer às pessoas o apoio necessário antes da chegada do frio.

Outras notícias:

> A justiça russa condenou a 16 anos de prisão o jornalista norte-americano Evan Gershkovich, acusado de espionagem por alegadamente ter acedido a informação secreta sobre a indústria militar do país. O jornalista de 32 anos, do ‘Wall Street Journal’, detido em março de 2023 em Ecaterimburgo, a capital dos Urais, é o primeiro jornalista ocidental detido e condenado sob a acusação de espionagem na Rússia pós-soviética;

> Pelo menos três pessoas, incluindo uma criança, foram mortas e cinco feridas num ataque russo que atingiu um parque infantil na cidade de Mykolaiv (sul), anunciou o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. O ataque russo “atingiu um parque perto de um edifício de habitação”, referiu no Telegram, voltando a denunciar o “terror russo” com diversas fotos do ataque;

> Um cidadão alemão foi condenado à morte na Bielorrússia, o único país europeu que ainda aplica a pena capital, após ter sido designadamente acusado de “ato de terrorismo” e atividade de mercenário, indicou hoje a ONG Viasna. Segundo a organização não-governamental (ONG), o caso está relacionado com o regimento Kastus Kalinouski, integrado por bielorrussos que combatem o Exército russo ao lado da Ucrânia.

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