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Guerra na Ucrânia

Apesar dos receios da NATO, “Trump continuará a apoiar Kiev”, diz analista russo. O perigo é a “lógica transacional” do antigo Presidente

Donald Trump
Donald Trump
Joe Raedle

Os Estados-membros da NATO estão a tentar blindar a aliança contra a “ameaça Trump”, mas os analistas têm dúvidas de que, se chegar à Casa Branca, o ex-Presidente dos EUA venha a alterar significativamente as políticas seguidas até aqui. “Não creio que Trump reconsidere as relações transatlânticas de forma tão fundamental", refere o analista russo Novikov Dmitri Pavlovich. Já analistas americanos salientam que, ainda assim, pode provocar danos a Kiev

O meu antecessor deixou claro que não estava comprometido com a NATO”, lembrou Joe Biden, no final da cimeira da NATO, argumentando que os Estados Unidos “não podem retirar-se do mundo”. Referia-se, claro, a Donald Trump, contra quem concorrerá nas presidenciais de novembro. Biden quis dizer que manterá o apoio à aliança, com todos os compromissos que essa ajuda envolve. “Não me vou afastar da Ucrânia. Estamos ao lado da Ucrânia e vamos continuar.”

Mas, se, como o Presidente dos Estados Unidos, outros dirigentes acreditam que a NATO estará em risco caso Trump regresse à Casa Branca — e até têm tentado munir-se, com compromissos de longo prazo que blindem o coletivo —, os analistas não estão certos de que a eleição do republicano mudasse tudo. Novikov Dmitri Pavlovich, vice-presidente da Escola de Relações Internacionais da Universidade HSE (em Moscovo) e líder do Laboratório de Geografia Política e Política Contemporânea naquela instituição, contraria mesmo a teoria de que Trump altere significativamente o caminho que tem vindo a ser seguido por Washington.

“Não creio que Trump reconsidere as relações transatlânticas de forma tão fundamental”, afirma ao Expresso. “A partilha de informações das secretas é um dos aspetos-chave da cooperação militar eficaz dentro da NATO, bem como entre as potências da NATO e os seus aliados não pertencentes à NATO. Não há muito espaço para Trump matar um aspeto tão importante da cooperação. No entanto, pode tentar filtrar a informação e até utilizar a informação como instrumento de negociação com os seus parceiros.”

O analista russo refere-se aos alegados planos de Trump para reduzir a partilha de informações de Washington com membros da NATO. Os restantes países da aliança dependem dos Estados Unidos para obter informação classificada, como a que ajudou a prever uma ofensiva russa na Ucrânia. Os conselheiros de Trump disseram aos países aliados que a redução da partilha de informações faria parte de um plano mais vasto para abater o apoio e a cooperação dos americanos com as 32 nações.

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