Exclusivo

Guerra na Ucrânia

Ataques ucranianos não produzem mudanças dramáticas: neste jogo de espera, “muito será determinado na esfera política, não na militar”

Destruição causada pelos ataques russos a uma escola de equitação em Mala Danylivka, uma povoação às portas de Kharkiv
Destruição causada pelos ataques russos a uma escola de equitação em Mala Danylivka, uma povoação às portas de Kharkiv
Valentyn Ogirenko/Reuters

Apesar de Kiev ter conseguido algumas proezas contra o armamento russo nos últimos dias, não é expectável que nenhuma dessas conquistas provoque alterações significativas no terreno. Os analistas de defesa e relações internacionais estão cada vez mais convencidos de que atualmente a matemática favorece a Rússia, pelo que a Ucrânia não deverá realizar grandes ganhos nos próximos tempos. E, com os ventos políticos a mudar em toda a Europa e uma potencial mudança nos EUA, a guerra pode resolver-se no plano político (como Putin esperava)

Seria de esperar que, com a autorização concedida pelos aliados ocidentais, para atacar alvos de interesse militar na Rússia, as tropas ucranianas ganhassem vantagem estratégica, mas, “em 2024, as perspetivas no campo de batalha da Ucrânia são das mais sombrias desde fevereiro de 2022”. É o que diz ao Expresso Bulent Gokay, analista de relações internacionais da Universidade de Keele, no Reino Unido, apesar de as forças ucranianas terem conseguido, nos últimos dias, desferir alguns golpes simbólicos em Moscovo.

Uma das aeronaves mais avançadas e caras do Kremlin, e uma das seis que podem disparar o míssil hipersónico russo, o caça Su-57, foi atingida no campo de aviação de Akhtubinsk, no sul da Rússia. Ainda por aquela altura, um caça ucraniano lançou um ataque transfronteiriço contra um posto de comando e um depósito de munições em Belgorod (território russo). Já no Mar de Azov, drones ucranianos avançados executaram um ataque significativo contra navios russos atracados no porto de Taganrog. “Mas, comparando com o que as forças russas conseguiram durante os últimos meses, tudo isto ainda é muito pequeno”, adverte Bulent Gokay. “Apesar do elevado nível de perdas russas [as autoridades ucranianas estimam que a Rússia já terá perdido cerca de 450 mil soldados, entre feridos e mortos], a situação militar da Ucrânia ainda é muito incerta. O país enfrenta uma grande crise de recrutamento após a morte de centenas de milhares de soldados nas linhas da frente.”

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate