O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, defendeu, nesta quarta-feira, que as eleições europeias de 9 de junho são históricas e "provavelmente serão vistas como aquelas que decidiram a paz ou a guerra na Europa".
"Além do número de assentos que este ou aquele partido irá obter, o mais importante na minha opinião será o número de deputados dispostos a ir mais longe na guerra na Ucrânia e o número daqueles que estarão lá para pôr fim a isso", realçou Orbán, em entrevista à revista francesa “Le Point”.
"Se espero uma vitória dos deputados pró-paz, espero também que haja mais deputados soberanistas a favor de uma Europa das nações", acrescentou o primeiro-ministro húngaro, país que assumirá a presidência rotativa do Conselho Europeu em julho e que é o mais relutante, dentro da União Europeia (UE), em apoiar a Ucrânia contra a Rússia.
Segundo Orbán, "o futuro do campo soberanista na Europa, assim como da direita em geral, está hoje nas mãos de duas mulheres", as líderes da extrema-direita italiana e francesa, Giorgia Meloni e Marine Le Pen, respetivamente. "Se conseguirem trabalhar em conjunto, num único grupo ou numa coligação, serão uma força para a Europa. A atração da sua cooperação será muito forte. Poderá ser suficiente para remodelar a configuração da direita europeia, ou mesmo para suplantar o Partido Popular Europeu (PPE, primeiro grupo no Parlamento Europeu)", sublinhou Orbán.
O seu partido, o Fidesz, cujos representantes eleitos estão atualmente entre os "não registados", deve juntar-se ao grupo Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) onde tem assento o partido de Meloni, que "inspira nela muito respeito", defendeu o governante húngaro.
"A sua tarefa foi muito difícil. Mal eleita, foi acusada de ser extremista, de não respeitar os valores da União Europeia", mas "hoje, todos respeitam o seu Governo de direita, baseado em valores cristãos, favorável à democracia e que luta pelos valores europeus", defendeu ainda.
A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, aspira a uma união da extrema-direita parlamentar europeia, para que os números tenham influência. Juntamente com o aliado de Meloni no Governo, Matteo Salvini, da Liga, Le Pen contribuiu para a expulsão do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) do grupo de Identidade e Democracia no Parlamento Europeu.
Le Pen procura agora alianças com Meloni, presidente do grupo Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) e que muito provavelmente será o grupo que contribuirá com mais deputados para o Parlamento Europeu.
Questionado sobre qual considera ser a maior ameaça que pesa sobre a Europa, Orbán apontou que "o mais perigoso continua a ser a liderança ideológica da União Europeia", denunciando o conceito de "sociedade aberta" e o abandono de "valores ou identidades nacionais, valores familiares tradicionais, para não mencionar os valores cristãos".
As eleições para o Parlamento Europeu (PE) realizam-se entre 6 e 9 de junho nos 27 países que compõem a União Europeia, incluindo Portugal.
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