Guerra na Ucrânia

Aliado de Navalny atacado com um martelo, mulheres dinamarquesas obrigadas ao serviço militar: guerra na Ucrânia, dia 759

Aliado de Navalny atacado com um martelo, mulheres dinamarquesas obrigadas ao serviço militar: guerra na Ucrânia, dia 759
Stringer/Reuters

Ex-chefe de gabinete do líder da oposição a Putin, Leonid Volkov foi atacado na Lituânia por um homem por identificar. Ficou ferido numa perna e partiu um braço, mas garante que não vai ceder ao Kremlin. Governo da Dinamarca anuncia reforma militar e 2% do PIB investido em Defesa já este ano

O ex-chefe de gabinete de Alexei Navalny, líder da oposição russa falecido há um mês, foi atacado na noite desta terça-feira com um machado em Vilnius, capital da Lituânia, onde vive desde que saiu da Rússia há mais de três anos, por temer represálias do Kremlin.

“Um homem atacou-me no jardim, bateu-me na perna cerca de 15 vezes. A perna está ok, mas tenho dores a andar… De qualquer forma, parti o meu braço”, denunciou Leonid Volkov, de 43 anos, na rede social Telegram. “Queriam destruir-me em pedaços”, sublinhou. O suspeito ainda não foi identificado, mas Volkov garante que o ataque foi realizado “ao estilo de São Petersburgo”, a cidade natal de Putin.

Gitanas Nausėda, Presidente da Lituânia, reagiu de imediato ao ato de violência: “Só posso dizer uma coisa: Aqui ninguém tem medo de Putin”, afirmou, lamentando as provocações de Moscovo para desestabilizar o país. As autoridades lituanas estão a investigar o caso, incluindo os serviços de informações.

Entretanto, Volkov prometeu continuar a opor-se ao Kremlin a partir da Lituânia – e instou os russos a aderirem ao protesto marcado para este domingo, o principal dia das eleições presidenciais. “Vamos continuar a trabalhar e não vamos desistir”, afirmou o aliado de Navalny.

“O Kremlin está a tentar destruir o legado de Navalny, e não vamos deixar que isso aconteça”, disse Ruslan Shaveddinov, também parte da oposição russa, em declarações ao “The Guardian” sobre este episódio.

Dinamarca avança para 2% do PIB em Defesa já este ano

O governo da Dinamarca anunciou hoje a introdução do serviço militar obrigatório para mulheres. É o terceiro país europeu a fazê-lo, depois de Noruega (2015) e Suécia (2017). O tempo de serviço mínimo também vai aumentar dos atuais quatro meses para 11, tanto para mulheres como para homens. Até agora, só era obrigatório para homens com mais de 18 anos.

"Um recrutamento mais robusto, incluindo a plena igualdade de género, deve contribuir para resolver os desafios da defesa, a mobilização nacional e o efetivo das nossas forças armadas", alegou o ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen, em conferência de imprensa.

Atualmente, as forças armadas dinamarquesas têm cerca de 9 mil tropas profissionais, a que se juntam 4 700 recrutas em formação. O objetivo imediato de Copenhaga é aumentar a capacidade de formação para 5 mil.

No mesmo dia, o país escandinavo anunciou que vai aumentar as despesas com a Defesa em €5,43 mil milhões nos próximos cinco anos. "O governo planeia aumentar as despesas com a defesa num total de 40,5 mil milhões de coroas dinamarquesas entre 2024 e 2028", escreveu o ministério da Defesa, em comunicado.

"Não estamos a rearmar-nos porque queremos guerra, destruição ou sofrimento. Estamos a rearmar-nos para evitar a guerra num mundo em que a ordem internacional está a ser desafiada", explicou Mette Frederiksen, primeira-ministra, em conferência de imprensa.

O plano é investir na capacidade militar própria, e no apoio à Ucrânia. Segundo Mette Frederiksen, este aumento faz com que o país vá gastar este ano mais de 2% do PIB em Defesa – um compromisso assumido pelos membros da NATO e várias vezes sublinhado pelos Estados Unidos, mas que vários países não cumprem. No ano passado, a Dinamarca ficou-se pelos 1,4%.

A Dinamarca é um dos países membros fundadores da NATO e tem sido um dos aliados europeus mais ativos no apoio a Kiev na resistência à invasão russa iniciada em fevereiro de 2022, sendo um dos poucos países que fornecem caças F-16 à Ucrânia.

Zelensky e a primeira-ministra da Dinamarca sentados no interior de um caça F-16
MADS CLAUS RASMUSSEN

Outras notícias:

> A Áustria anunciou a expulsão de dois diplomatas russos por terem um comportamento "incompatível com o seu estatuto diplomático", anunciou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros austríaco, sem acrescentar mais explicações. Os dois russos têm um prazo até 19 de março para abandonar o país. A embaixada russa em Viena declarou-se “indignada” e prometeu uma resposta firme.

> Segundo o “Financial Times”, a Comissão Europeia está a ponderar canalizar dinheiro dos lucros dos ativos russos congelados para um programa de apoio à indústria da Defesa da Ucrânia. O montante em causa está entre os €2 mil e €3 mil milhões, de um programa de apoio no valor total de €5 mil milhões, que foi conhecido ontem mas ainda está a ser negociado entre os Estados-Membros.

> O presidente do Congresso Mundial Ucraniano, uma organização que representa 20 milhões de pessoas na diáspora, transmitiu ao patriarca de Lisboa indignação pelas declarações do Papa sobre eventuais negociações com Moscovo. Em entrevista à Lusa durante uma visita a Lisboa, Paul Grod garante que os ucranianos estão “desiludidos” com o Vaticano, que já recuou.

> Por outro lado, Moscovo elogiou o Papa como "um dos poucos líderes políticos com uma visão verdadeiramente estratégica dos problemas mundiais", escreveu a embaixada russa junto da Santa Sé numa mensagem alusiva ao 11.º aniversário do pontificado de Francisco. A embaixada russa descreveu Francisco como “um verdadeiro e sincero defensor do humanismo, da paz e dos valores tradicionais.”

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