Guerra na Ucrânia

Pelo menos 11 trabalhadores humanitários morreram na Ucrânia em 2023, revela a ONU

Mercado na região de Donetsk, após um bombardeamento russo a 22 de janeiro de 2024
Mercado na região de Donetsk, após um bombardeamento russo a 22 de janeiro de 2024
ALEXANDER ERMOCHENKO/Reuters

Durante o ano de 2023, as organizações humanitárias reportaram uma média de quatro incidentes por semana que afetaram as operações humanitárias na Ucrânia

Pelo menos 11 trabalhadores humanitários morreram em 2023 na Ucrânia durante o cumprimento das suas funções, outros 35 ficaram feridos e aconteceram 227 incidentes que afetaram as operações de ajuda no país, declarou esta sexta-feira a ONU num comunicado. De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, em inglês), durante o ano de 2023, as organizações humanitárias reportaram uma média de quatro incidentes por semana que afetaram as operações humanitárias na Ucrânia.

De acordo com o OCHA, mais de 30 destes incidentes envolveram violência contra pessoal humanitário e pelo menos 55 foram ataques que causaram danos ou destruição de armazéns, instalações e bens humanitários. Estes concentraram-se principalmente em áreas onde os combates e as hostilidades eram mais intensos e onde as necessidades humanitárias eram elevadas.

Só em dezembro, cinco armazéns de organizações não-governamentais foram atingidos no Oblast de Kherson, danificando toneladas de artigos de ajuda humanitária. "Os ataques causaram a morte de pelo menos 15 trabalhadores humanitários e feriram outros 35. Onze dos trabalhadores humanitários foram mortos no cumprimento das suas funções", referiu o Escritório da ONU.

Os impedimentos burocráticos também afetaram a resposta humanitária, acrescentou o documento. "A situação continuou a ser particularmente preocupante nas zonas ocupadas pela Rússia, onde graves impedimentos à circulação de pessoal e fornecimentos humanitários e outros obstáculos burocráticos tornaram a resposta extremamente limitada em escala. As tentativas de entregar ajuda humanitária através da linha da frente, inclusive após a destruição da barragem de Kakhovka em junho de 2023, foram repetidamente negadas pelas autoridades russas", afirmou o OCHA.

Em 2023, os parceiros humanitários comunicaram 20 casos de atrasos ou recusas de emissão de vistos a trabalhadores humanitários, a maioria no final do ano, quando o Governo ucraniano começou a aplicar a exigência que o pessoal humanitário solicitasse vistos no seu país de origem. "O movimento humanitário dentro do país também se tornou mais restrito em áreas localizadas devido a regulamentações e requisitos adicionais em contextos de segurança desafiadores ou perto de fronteiras internacionais", segundo o Escritório da ONU.

De acordo com o comunicado, houve 33 incidentes envolvendo restrições de movimento dentro do país durante o ano. O recrutamento militar de pessoal humanitário foi um desafio adicional, com pelo menos 78 casos de trabalhadores humanitários a receber avisos de recrutamento em 2023.

O bloqueio de transportes por parte dos camionistas polacos na ligação Ucrânia/Polónia em novembro e dezembro também impactou as operações. As questões fronteiriças pressionaram o abastecimento de material de ajuda humanitária na Ucrânia, reduzindo as opções de transporte disponíveis e aumentando o custo e o tempo de transporte. Segundo o OCHA, 127 comboios de ajuda humanitária interagências foram enviados para a Ucrânia.

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