Guerra na Ucrânia

"Acordo de segurança sem precedentes” entre o Reino Unido e a Ucrânia: o que marcou o 688º. dia de guerra

Rishi Sunak
Rishi Sunak
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O Reino Unido fez um anúncio para tentar amparar a Ucrânia, num momento em que a Casa Branca admite que não terá como financiar mais ajuda militar. Em causa, está a resistência dos republicanos. O futuro da Ucrânia será decidido no Congresso. Eis os destaques do 688º. dia de guerra

Um acordo bilateral de segurança que se mantenha em vigor por dez anos ou até que a Ucrânia possa aderir à NATO e também um compromisso “sem precedentes”: o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, assinaram, nesta sexta-feira, em Kiev, uma garantia de apoio ao país em guerra. É do entendimento de Sunak que, se o Reino Unido vacilasse no seu apoio à Ucrânia, isso encorajaria Vladimir Putin e “os seus aliados na Coreia do Norte, no Irão, entre outros". Em conferência de imprensa ao lado de Volodymyr Zelensky, o primeiro-ministro britânico afirmou: “Os nossos opositores em todo o mundo acreditam que não temos paciência, nem recursos, para guerras longas.”

O chefe do Governo do Reino Unido visitou, nesta sexta-feira, 688º. dia do conflito, a capital ucraniana, onde anunciou o aumento do financiamento para ajuda militar para 2,5 mil milhões de libras (2,9 mil milhões de euros) em 2024. De acordo com o gabinete de Sunak, o pacote vai pagar mísseis de longo alcance, milhares de drones, defesa aérea, munições de artilharia e segurança marítima. "Este é um sinal para o mundo: a Ucrânia não está sozinha", congratulou-se Zelensky.

O anúncio de mais verbas, por parte dos britânicos, acontece apenas horas depois de a Presidência dos Estados Unidos ter assegurado que a ajuda militar que o país tem prestado à Ucrânia "parou por completo" devido à falta de acordo no Parlamento norte-americano. "A ajuda que fornecíamos até agora parou por completo", disse o porta-voz da Casa Branca John Kirby em conferência de imprensa. O futuro da ajuda dos EUA à Ucrânia será, por isso, decidido no Congresso, o Parlamento norte-americano, onde os democratas controlam a câmara alta, o Senado, e os republicanos controlam a Câmara dos Representantes. O Presidente democrata dos EUA, Joe Biden, pediu ao Congresso que aprovasse mais 55,6 mil milhões de euros em ajuda à Ucrânia, mas a oposição republicana exige em contrapartida a implementação de medidas para controlar a fronteira com o México.

Ainda assim, Zelensky confessou-se mais confiante agora, do que no mês passado, de que a Ucrânia conseguirá a ajuda financeira dos Estados Unidos. "Estou a olhar para isso com mais otimismo do que em dezembro, acho que conseguiremos”, reconheceu, também na conferência de imprensa em Kiev.

Ministros dos Negócios Estrangeiros de 50 países, incluindo Portugal, e a União Europeia condenaram, nesta sexta-feira, a transferência de mísseis balísticos da Coreia do Norte para a Rússia que foram utilizados contra a Ucrânia. "Condenamos com a maior veemência possível a exportação pela República Popular Democrática da Coreia (RPDC) e a aquisição pela Rússia de mísseis balísticos da RPDC, bem como a utilização desses mísseis pela Rússia contra a Ucrânia a 30 de dezembro de 2023 e 2 de janeiro de 2024", refere o comunicado publicado pelo Governo britânico.

Outras notícias a destacar:

⇒ Um assessor presidencial ucraniano disse estar confiante quanto a um projeto de lei, que foi alterado, e que procura tornar mais rígidas as leis de mobilização da Ucrânia. A medida deverá ser aprovada nos próximos dias ou semanas, apesar de ter sido criticada, antes das modificações.

⇒ Milhares de ucranianos trataram de se alistar imediatamente após a invasão da Rússia, em fevereiro de 2022, mas, quase dois anos depois do início da guerra, alguns homens estão a tentar escapar aos combates, noticia a “Reuters”.

⇒ Uma base naval russa na Abkhazia, um território separatista reconhecido internacionalmente como parte da Geórgia, pode tornar-se operacional em 2024, avançou nesta sexta-feira a agência de notícias estatal russa RIA. As autoridades russas e do território separatista concordaram, em outubro, que a Rússia poderia abrir uma base naval permanente na cidade de Ochamchire, informou a Reuters.

⇒ O antigo Presidente russo, Dmitry Medvedev, vincou que o envio de qualquer contingente militar britânico para a Ucrânia seria uma declaração de guerra contra a Rússia. Em reação à visita do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, a Kiev, Medvedev perguntou como reagiriam os ocidentais se a delegação de Sunak fosse atacada por bombas de fragmentação, como o representante russo disse ter acontecido na cidade de Belgorod, no sul da Rússia.

⇒ Os turistas russos que vão realizar uma viagem para esquiar na Coreia do Norte serão os primeiros viajantes internacionais a visitar o país desde que as suas fronteiras foram encerradas em 2020, durante a pandemia.

⇒ Também num sinal de estreitamento de relações entre Pequim e Moscovo, foi revelado que o comércio da China com a Rússia atingiu um nível recorde em 2023, enquanto as trocas comerciais chinesas com os Estados Unidos diminuíram pela primeira vez desde 2019.

⇒ Várias localidades da região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, ficaram sem eletricidade após um ataque de artilharia das forças ucranianas, revelou o líder do executivo local, Viacheslav Gladkov. "Os cortes de eletricidade afetam os habitantes das aldeias de Glotovo, Bezimeno, e parcialmente as localidades de Gora-Podol e Kozinki", escreveu Gladkov no Telegram.

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