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Guerra na Ucrânia

Putin voltou aos discursos de fim de ano num cenário “orquestrado ao milímetro” em que as perguntas “são tudo discos pedidos”

Putin voltou aos discursos de fim de ano num cenário “orquestrado ao milímetro” em que as perguntas “são tudo discos pedidos”
EPA / ALEXANDER ZEMLIANICHENKO / POOL

No conforto de um cenário controlado a 100%, Vladimir Putin passou horas a responder a questões da população e de jornalistas. Insiste que os objetivos da guerra passam por “desmilitarizar e desnazificar” a Ucrânia e rejeita comparações entre o que se passa na Faixa de Gaza e no país que mandou invadir. Apesar de o conteúdo não surpreender, analistas ouvidos pelo Expresso explicam que este discurso parte de uma “posição claramente de força” e que a Rússia “não vai oferecer qualquer compromisso”

Putin voltou aos discursos de fim de ano num cenário “orquestrado ao milímetro” em que as perguntas “são tudo discos pedidos”

Salomé Fernandes

Jornalista da secção internacional

Putin voltou aos discursos de fim de ano num cenário “orquestrado ao milímetro” em que as perguntas “são tudo discos pedidos”

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Pela primeira vez desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, Vladimir Putin respondeu a perguntas de cidadãos e jornalistas numa conferência de imprensa que se realiza anualmente. Em 2022, a tradição quebrou-se, pela primeira vez numa década. As razões apresentadas pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, já se esperavam: o Presidente russo estava concentrado no esforço de guerra e não fazia sentido um discurso seguido de sessão de perguntas sobre um tema tão presente na vida nacional.

Os comentadores ocidentais apontaram outras razões: umas relativas à saúde do Presidente (dias antes do dia programado para o discurso, Putin foi filmado a cambalear), outras ao medo de críticas à guerra que encontrassem caminho até à lista de perguntas autorizadas pela sua equipa. Difícil, mas não impossível.

Este ano, estiveram em destaque a guerra, a posição face ao Ocidente e questões económicas. Desde logo, com Putin a afirmar que “a existência [da Rússia] sem soberania é impossível” e a frisar a necessidade de reforçar o poder militar e segurança fronteiriça. Como sempre, a conferência durou toda uma manhã. Vale a pena observar que a abertura para ouvir a população e ser questionado se dá dentro de um ambiente controlado. A cientista política Sandra Fernandes, especialista em Relações Internacionais na Universidade do Minho, frisa que as perguntas escolhidas “são tudo discos pedidos” e que o evento “é orquestrado ao milímetro”.

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