Putin tenta reforçar o apoio de países árabes, Ucrânia atacada com 48 drones: o que se passou no 651º dia de guerra
O presidente russo, Vladimir Putin, com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, em Riade
ALEXEI NIKOLSKY / SPUTNIK / KREMLIN POOL
O presidente russo foi esta quarta-feira a Abu Dhabi e a Riade, também para debater o tema da guerra na Ucrânia e o conflito Israel-Hamas, deixando a mensagem de que as relações entre a Rússia e os países árabes estão fortes e a “um nível que nunca registaram antes”. O Governo de Joe Biden anunciou mais um pacote de ajuda militar à Ucrânia, mas o Presidente norte-americano foi ao Congresso tentar convencer os republicanos a chegar a acordo para desbloquear mais verbas para Kiev, advertindo para os riscos de os EUA serem forçados a entrar numa guerra com a Rússia. O 651º dia de guerra começou na Ucrânia com um ataque russo envolvendo 48 drones
O 651º dia de guerra começou na Ucrânia com um ataque maciço russo usando 48 drones e nas últimas 24 horas mantiveram-se 97 frentes ativas de combate. Seguem-se os principais acontecimentos que marcaram o dia:
⇒ A noite de 6 de dezembro começou na Ucrânia com um ataque maciço russo que totalizou 48 drones, dos quais as forças de defesa ucranianas dizem ter conseguido destruir 41 antes de atingirem os alvos. Os drones usados no ataque russo eram todos kamikaze, de tipo Shahed fabricados no Irão;
⇒ Nas últimas 24 horas, foram reportados pelo Estado Maior das Forças Armadas da Ucrânia quatro ataques russos com mísseis e 104 ataques aéreos, com 97 frentes de combate ativas. Os ataques da artilharia russa afetaram mais de 100 povoações ucranianas, nas regiões de Chernihiv, Sumy, Kharkiv, Luhansk, Donetsk, Zaporíjia, Dnipro, Kherson e Mykolaiv;
⇒ Vladimir Putin fez esta quarta-feira uma visita de charme aos Emirados Árabes Unidos com o objetivo de recolher apoios dos seus líderes e estreitar laços económicos com estes parceiros da Opep +, que estão envolvidos em grandes projetos associados a petróleo e gás. Mas à mesa das conversações também estiveram temas associados à guerra da Ucrânia e ao conflito entre Israel e o Hamas;
Putin em Abu Dhabi com o ‘sheik’ Mohammed bin Zayed Al Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos
SERGEI SAVOSTYANOV / SPUTNIK / KREMLIN POOL
⇒ O presidente russo esteve em Abu Dhabi, onde se reuniu com o ‘sheik’ Mohammed bin Zayed Al Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos, e seguiu para Riade, para se encontrar com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. No final destas reuniões, Putin frisou que as relações entre a Rússia e as nações árabes avançaram nos últimos sete anos para níveis "que nunca registaram antes” - e também elogiou a “sábia política” do rei Salman bin Abdulaziz al Saud, que foi o primeiro monarca saudita a visitar Moscovo em 2017, impulsionando assim as relações entre os dois países;
⇒ O Governo de Biden anunciou esta quarta-feira mais um pacote de ajudas em armamento dos EUA à Ucrânia, no valor de 175 milhões de dólares (cerca de 162,4 milhões de euros). Mas não havendo possibilidade de financiamento adicional, estas armas estarão entre as últimas que os Estados Unidos poderão enviar à Ucrânia, segundo advertiu John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Biden
YURI GRIPAS / POOL
⇒ Joe Biden deixou esta quarta-feira expressa a sua frustração face à resistência dos congressistas conservadores, que continuam empenhados em condicionar o envio de apoios a Kiev. Joe Biden advertiu o Congresso que o desbloqueio de fundos para a Ucrânia “não pode esperar mais”, e frisou que o fracasso de um acordo neste campo entre democratas e republicanos seria “o melhor presente” que os Estados Unidos poderiam oferecer a Putin";
⇒ O presidente democrata norte-americano disse estar disposto a fazer “compromissos significativos” para se poder chegar a um acordo com os republicanos capaz de desbloquear os fundos necessários para os Estados Unidos continuarem a apoiar militarmente a Ucrânia. E alertou para o risco de um ataque russo a um país da NATO e a possibilidade de se assistir a “soldados norte-americanos a combater soldados russos”, com os EUA a terem de entrar em guerra;
⇒ O Reino Unido anunciou 46 novas sanções contra fornecedores militares externos da Rússia, numa lista que inclui três elementos do grupo Wagner, além de quatro operadores de frotas marítimas “fantasma” que têm sido usadas por Moscovo para contornar as restrições à importação de petróleo russo impostas por países do ocidente aliados da Ucrânia;
⇒ A Rússia disse ter razões para entrar em confronto militar direto com a NATO face à entrega “iminente” de caças F-16 à Ucrânia. Segundo frisou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Moscovo, Maria Zakharova, estes aviões de combate passam a ser “um alvo militar legítimo para a Rússia, de onde quer que voem” - e também especulou que possam ficar em bases de países vizinhos, como Polónia, Eslováquia ou Roménia. “Os Estados da Aliança Atlântica continuam a armar intensamente a Ucrânia”, realçou a porta-voz do ministério russo, classificando de "ridícula" a posição da NATO.