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Guerra na Ucrânia

“Os objetivos de Putin para os próximos anos parecem ser mais sobre a sua imagem nos livros de História do que sobre qualquer outra coisa”

“Os objetivos de Putin para os próximos anos parecem ser mais sobre a sua imagem nos livros de História do que sobre qualquer outra coisa”
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Cada boato que emerge e se foca nos problemas de saúde de Vladimir Putin ganha uma grande ressonância, sentindo-se o Kremlin numa necessidade constante de provar a sua capacidade de liderança. Mas os rumores sobre a morte de Putin poderão ser motivados não apenas por ilusões entre os seus oponentes, mas também pela própria falta de fiabilidade das narrativas oficiais russas. Fontes próximas do Presidente já adiantaram que Putin deverá voltar a concorrer às Presidenciais, em março, o que significaria a permanência no poder até pelo menos 2030. O programa político? Sobretudo, manter-se vivo, fisicamente e nas páginas dos livros de História. O que esperar da liderança renovada que os analistas já dão como certa?

“O mesmo. Ou diferente, mas igual”: a resposta contraditória de Dmitry Peskov, quando questionado pelo canal de televisão do Instituto de Relações Internacionais de Moscovo sobre como deveria ser o Presidente que vem suceder a Putin, revela mais do que esconde. Putin, que herdou a Presidência de Boris Ieltsin no último dia de 1999, já está no poder há mais tempo do que qualquer outro líder do Kremlin desde Josef Stalin, superando até mesmo o mandato de 18 anos de Leonid Brezhnev. E tudo indica que a marca será alargada. O porta-voz do Kremlin disse também em entrevista que espera que Vladimir Putin concorra às eleições de março, o que poderá mantê-lo no poder até 2030. "Putin ainda não anunciou a sua intenção de concorrer, mas quero sinceramente acreditar que o fará, e não tenho dúvidas de que vencerá as eleições. Não tenho dúvidas de que continuará a ser Presidente."

Mas como é que tais certezas se interligam com o ambiente de conspiração em Moscovo? Os rumores - é disso que se trata - que vêm dar como certa a morte de Vladimir Putin ressurgiram a 27 de outubro. Desta vez, conta-se que o líder russo morreu no seu palácio na floresta em Valdai, a cerca de 400 km de Moscovo, e que o seu corpo estaria a ser armazenado num congelador de alimentos. Putin foi visto em vários eventos e reuniões públicas desde a suposta morte, mas um canal no Telegram intitulado “General SVR” vem insistindo que se trata de um impostor, de um duplo que tomou o seu lugar, num plano orquestrado pelo secretário-geral do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev.

Sem que fornecesse qualquer prova, aliás, o “General SVR” afirma categoricamente que o Presidente da Federação Russa tem lutado contra o cancro e a doença de Parkinson. Os boatos intensificaram-se de tal forma que o porta-voz do Kremlin se viu obrigado a desmenti-los. Mas os rumores acabam sempre por aparecer à tona, “à medida que aqueles que procuram sucedê-lo disputam influência e tentam escolher o seu momento”, explica ao Expresso William Alberque, diretor de Estratégia, Tecnologia e Controlo de Armas do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Berlim.

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