Sentado num canto da mesa, afastado das outras crianças, Sasha agarra na cabeça com uma mão, num lápis colorido com a outra, e olha para o que desenhou. “Bem, que hei de acrescentar?”, lança a quem quiser ouvi-lo. No papel já tem um grande arco-íris, nuvens, um sol cheio de raios e relva, em baixo. “Acho que está bom”, conclui. É a memória mais feliz que tem deste verão, mais um passado num dos 38 abrigos municipais de Dnipro, local que deveria ser de passagem, mas que se tornou lar de 138 pessoas.
“Quero ir para casa, mas não nos deixam”, desabafa o menino de 9 anos. Não se deixa levar por falsas esperanças, sabe que o regresso pode demorar. É o trabalho que têm feito os psicólogos do centro de abrigo: relativizar as esperanças dos deslocados internos, para que a espera não seja tão dura. “É importante gerir as expectativas, até porque muitos dos que aqui estão já nem sequer têm casa para onde voltar,” explica ao Expresso a funcionária municipal Svetlana Ivanova, uma das responsáveis pelo centro. “Aqui viram, à distância, os seus prédios serem atingidos por mísseis.”
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