Tudo terá começado porque Moscovo decidiu não renovar o acordo de exportação segura de cereais, que expirou em julho. O gabinete presidencial de Volodymyr Zelensky definiu, nos últimos dias, que “tudo o que os russos estão a deslocar, para a frente e para trás no Mar Negro”, é alvo militar válido para Kiev. Rodeado pela Ucrânia (com a península da Crimeia a ser uma das áreas de contacto), Rússia, bem como por três países que integram a NATO (Roménia, Bulgária e Turquia), o Mar Negro tornou-se, assim, nos últimos tempos, um ponto quente da guerra. Trata-se de uma mudança da política ucraniana no conflito: agora portos e navios russos (até os que transportam petróleo para a Europa) no Mar Negro podem agora ser atacados. São essencialmente drones marítimos ucranianos que lançam explosivos contra os alvos russos.
Os ataques não surgiram espontaneamente; segundo as autoridades de Kiev, e, de acordo com os analistas, também resultam de provocações por parte da Rússia, que bombardeou portos ucranianos no Mar Negro, de forma a impedir o embarque de cereais. Mais relevante do que isso, sugere ao Expresso Harry Halem, investigador principal do Instituto Yorktown norte-americano, dedicado à Defesa, é o facto de as tropas de Moscovo terem atingido pontos ao longo do rio Danúbio que se localizavam a centenas de metros da Roménia (membro da NATO). “Na verdade, isto é, em parte, uma resposta ao ataque da Rússia perto da Roménia, há várias semanas; para que a Rússia receba a mensagem de que a pressão sobre a NATO tem um preço”, reaviva o analista, em declarações ao Expresso.
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