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Guerra na Ucrânia

A perigosa ligação entre a Arábia Saudita e a Rússia que controla os preços do petróleo no mercado: “Fortaleceu-se depois da guerra”

Faisal bin Farhan al-Saud e Sergei Lavrov
Faisal bin Farhan al-Saud e Sergei Lavrov
ALEXANDER ZEMLIANICHENKO

“A Rússia não é uma parceira que dê segurança”, admite Robert Jordan, antigo embaixador dos EUA na Arábia Saudita, em entrevista ao Expresso. Então por que é que Riade se mantém na órbita russa? Ambos os países têm interesses comuns e muito relevantes, que podem até remeter a relação EUA-Arábia Saudita para segundo plano

A Arábia Saudita prepara-se para acolher uma cimeira para debater o plano do Presidente ucraniano para a paz, conforme confirmou um alto funcionário em Kiev. Andriy Yermak, chefe de gabinete de Zelensky, disse no domingo que autoridades de vários países participarão no evento na Arábia Saudita, e a publicação "The Wall Street Journal", que avançou com a notícia, revelou que as negociações aconteceriam nos dias 5 e 6 de agosto, na cidade de Jeddah, com a presença de representantes de cerca de 30 países. A discussão da paz nos termos ucranianos (ponderando os 10 pontos que Zelensky define como fundamentais) surpreende, visto que, até ao momento, a Arábia Saudita tinha vindo a ser descrita como uma aliada de Moscovo. Mas as ligações entre os dois países não são baseadas em lealdade incondicional, havendo sobretudo interesses comerciais a envolvê-los.

Não é de hoje que líderes russos e sauditas cooperam para controlar o mercado mundial de petróleo, mas a aliança tem resultados políticos práticos, ao assegurar mais um parceiro estratégico à isolada Moscovo. A Arábia Saudita tinha anunciado que iria reduzir em um milhão os barris por dia, de forma a regular a queda dos preços. De acordo com o jornal “The New York Times”, a ação orquestrada pela Arábia Saudita e pela Rússia - que entrou mais tarde em acordo - vai finalmente surtir efeito nos preços dos combustíveis, que deverão aumentar. A Guerra na Ucrânia tinha alterado a dinâmica cúmplice dos dois Estados, com a Rússia cada vez mais disposta a exportar bens de energia a preços inferiores e a ter de aumentar o petróleo disponível no mercado, enviando-o sobretudo para a Índia e para a China. Foi apenas a segunda ocasião em que Moscovo resolveu contrariar a política estipulada por Riade.

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