Sentado num bunker, com outros funcionários destacados do Exército ucraniano, o general Valery Zaluzhny recebeu uma chamada urgente. “Em nenhuma circunstância devemos fazer tal coisa”, respondeu. Era final de fevereiro de 2022, passavam poucos dias desde que a Ucrânia fora invadida pelas tropas russas.
Depois de as forças de Moscovo terem falhado a tomada de Kiev “em três dias”, como tinham previsto, destacadas patentes militares ucranianas começaram a conjeturar que seria benéfico fazer explodir as pontes do rio Dniepre que circundavam Kiev. A ideia era evitar que os russos passassem da margem esquerda (oriental) para a direita (ocidental), onde ficava o quartel-general do Governo.
“Isso seria uma traição, tanto para os civis quanto para os militares que estão na margem oriental”, vaticinou Zaluzhny, como conta a BBC. No início de abril de 2022, as suas tropas já tinham empurrado o Exército russo para norte e leste de Kiev.
Liderança ao estilo ocidental
Mas que importância tem esta história no grande jogo que é a guerra na Ucrânia? Esta não foi a única decisão que marcou o percurso de Zaluzhny até se tornar o consagrado líder e estratego da contraofensiva ucraniana. A flexibilidade e a convicção de que as hierarquias não tinham de ser estruturas tão rígidas como as soviéticas levaram-no a conquistar a confiança e o respeito dos seus pares e da população, e a adquirir vantagem face aos comandantes militares inimigos.
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