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Guerra na Ucrânia

Contraofensiva ucraniana num impasse? “Nenhuma nação da NATO ousaria avançar sem ter superioridade aérea. Os ucranianos tiveram de o fazer"

Soldados ucranianos na região de Donetsk
Soldados ucranianos na região de Donetsk
Anadolu Agency

A contraofensiva ucraniana poderá ser mais longa e sangrenta do que o que se antecipava. Os avanços territoriais são ainda limitados, e as baixas ucranianas acumulam-se. Mas o Ocidente também pode ter um papel fundamental no sucesso da estratégia militar

“Ganhos limitados.” Nas últimas semanas, o Presidente ucraniano, os comandantes do Exército e a vice-ministra da Defesa da Ucrânia têm repetido até à exaustão as palavras que apelam à contenção e à cautela. A contraofensiva ucraniana ainda não se converteu em grandes conquistas territoriais - com oito vilarejos recapturados nas últimas duas semanas -, e os avanços têm sido incrementais. Os combates entre as forças de Moscovo e as tropas ucranianas intensificaram-se em pelo menos três áreas da linha da frente, que se prolonga do sul ao leste da Ucrânia.

O antigo conselheiro do Departamento de Defesa norte-americano coronel Mark Cancian observa, no entanto, que “a contraofensiva parou por alguns dias”, mas vai ser retomada. “É muito cedo para dizer se é um sucesso ou um fracasso. As forças ucranianas ainda estão a avançar, mas a velocidade dos avanços é baixa.” As próximas semanas revelarão se poderão superar as tropas inimigas. Mais do que um combate corpo a corpo estará en causa uma estratégia mais ampla: a de minar a capacidade de prontidão das defesas russas. Para isso, contribuiu o processo lento de fazer explodir depósitos de combustível, sedes e linhas ferroviárias, através dos quais as tropas russas se abastecem.

“Os ucranianos tiveram uma tarefa difícil até agora, tentando avançar em vários eixos e sondando para tentar descobrir onde as linhas russas podem ser mais fracas", descreve Kelly Grieco, investigadora do Reimagining US Grand Strategy Program do think tank Stimson Center. Esta analista da área de Defesa e Segurança acredita que a pausa os ucranianos, para se reagruparem, nos últimos dias, foi “uma decisão inteligente”.

Em vez de continuarem a dedicar mais forças blindadas às batalhas, e arriscarem-se a sofrer pesadas baixas para obterem poucas conquistas territoriais, os ucranianos optaram por avaliar, reagrupar e ajustar o plano de combate. “É uma abordagem muito mais inteligente do que o que os russos fizeram consistentemente em Bakhmut, enviando continuamente mais forças para a batalha, sem provas de que houvesse aprendizagem a nível tático.”

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