A Rússia anunciou esta segunda-feira que a contraofensiva ucraniana já começou e está a falhar. A Ucrânia diz que não comenta “notícias falsas”. Há uma enxurrada de informação nos canais de Telegram russos; e um torniquete bem apertado do lado de Kiev.
Um porta-voz das Forças Armadas ucranianas negou, de manhã, que a Ucrânia tivesse iniciado uma contraofensiva em força para recuperar localidades da província de Donetsk. A declaração chega em resposta à informação difundida pelo Ministério da Defesa da Rússia, que garante ter conseguido repelir uma “ofensiva em grande escala, em cinco sectores, ao longo da linha da frente na direção sul de Donetsk”. As perdas, ainda segundo Moscovo, são severas para Kiev: pelo menos 250 militares mortos, 16 tanques destruídos e outros 24 carros de combate inutilizados.
Nem sempre é o caso, mas desta vez os dois exércitos afirmam realidades opostas. No caso da queda de Bakhmut, por exemplo, Kiev começou por negar, depois acabou por admitir ter controlo de apenas uma parte insignificante da cidade. Desta vez, nenhuma concessão foi feita à narrativa russa. “Não temos informação sobre o assunto e não comentamos notícias falsas”, disse o porta-voz das Forças Armadas ucranianas à agência Reuters.
A batalha no terreno da desinformação
Depois de meses a antecipar a contraofensiva, as autoridades ucranianas decidiram, nos últimos dias, que a melhor estratégia é mesmo o silêncio. Um vídeo com membros das forças armadas a pedi-lo, com o dedo indicador à frente dos lábios, tornou-se viral. O ministro da Defesa ucraniano, Oleksy Reznikov, recorreu à letra de “Enjoy the Silence” (Desfruta do silêncio), dos Depeche Mode: “Words are very unnecessary/ they can only do harm”, escreveu na rede social Twitter. “As palavras são muito desnecessárias/só podem fazer mal.”
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