Uma “Quarta Teoria Política” descolonizadora e antirracista: é isto que Aleksandr Dugin, filósofo russo descrito como o ideólogo de Vladimir Putin, propõe para o mundo, cada vez mais dominado pelo liberalismo. A tese encontra, à partida, uma irónica contradição: Dugin é um acérrimo defensor da Guerra na Ucrânia e enaltece a busca russa pela primazia imperialista e o Eurasianismo, em detrimento da diplomacia alinhada com o Ocidente. Em paralelo, acusa o regime de Kiev de ser neonazi.
Nesta entrevista, que terá uma segunda parte no semanário, Dugin explica que a Rússia deve procurar um espaço político próprio e isso inclui manter-se alheada de nacionalismos, comunismo e fascismo, bem como de uma definição linear do tempo e do espectro esquerda/direita.
O seu livro "A Quarta Teoria Política" sugere que o liberalismo, o comunismo e o fascismo falharam como ideologias políticas. O que propõe, em vez disso?
Em primeiro lugar, temos de descolonizar as nossas mentes e deixar para trás a esterilização liberal ocidental que finge haver uma única via possível. Nós temos vivido sob absoluta influência da civilização moderna, ocidental e liberal. É uma projeção muito racista, na sua essência, que domina toda a experiência histórica, política, cultural, intelectual. Projeta-se sobre toda a Humanidade. Esse é o significado de unipolaridade. O mundo unipolar atua como uma Alemanha nazi global, após a queda da União Soviética, que era a sua opositora. Depois da queda da União Soviética, passou a haver uma única ideologia, que era aceite ou imposta universalmente: o liberalismo.
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