Vários residentes garantem ter ouvido os estrondos. Por volta das 2h da manhã em Moscovo (meia-noite em Portugal Continental), o Kremlin terá sido atacado por drones, ato que o Governo russo já classificou como “terrorista” e cuja culpa atribui à Ucrânia.
Não é possível saber se este ataque foi mesmo obra de forças especiais ucranianas ou uma invenção do Kremlin para justificar ataques mais duros que a Rússia esteja a planear. Outra hipótese é terem sido opositores russos a lançar os drones.
A agência de notícias TASS, citada pela Reuters, diz que moradores perto do Kremlin ouviram as explosões. Logo depois, toda a área à volta do edifício ficou às escuras. Imagens partilhadas por residentes no Telegram mostram nuvens de fumo a sair do Kremlin, pouco após as explosões terem sido reportadas.
Não houve feridos
Outra agência russa, a RIA Novosti, escreve que o “o Kremlin vê estas ações como uma tentativa de assassínio”. Doravante, “o lado russo reserva-se o direito de empregar medidas de retaliação quando entender oportuno”.
Até ao momento, não há feridos a registar. Não é segredo que o Presidente russo tem cuidados redobrados com a sua segurança, tendo recentemente inaugurado novos edifícios em Mariupol, território ocupado pelas suas tropas, através de vídeochamada.
O Kremlin diz que o ataque foi realizado com dois drones, ambos desativados pelas defesas russas. Numa nota publicada no site oficial, o Kremlin afirma que o incidente está a ser investigado como “ataque terrorista premeditado contra a vida do Presidente da Federação Russa”.
“Dois veículos aéreos não tripulados foram apontados para o Kremlin. Como resultado de decisões oportunas tomadas pelos militares e serviços especiais com o auxílio de sistemas de radar, os dois aparelhos foram neutralizados”, lê-se ainda no comunicado.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou, entretanto, que Putin não estava no edifício atingido, mas na sua outra residência em Novo-Ogoryovo, fora de Moscovo.
Festejos da vitória sobre os nazis em risco
A Ucrânia ainda não se pronunciou sobre o alegado ataque, que acontece numa altura particularmente tensa, quando se admite que uma contraofensiva das tropas de Kiev possa estar por dias. Além disso, aproxima-se a data mais importante do calendário histórico da Rússia: o 9 de maio, o dia que marca a derrota das tropas nazis às mãos do exército vermelho, em 1945.
Este ano, as paradas militares que acontecem em todas as principais cidades estão em risco de não acontecer. Pelo menos seis governadores já cancelaram as celebrações, por recearem ataques ucranianos nesse dia.
Quando a guerra começou, teria soado muito pouco credível a possibilidade de cidades russas prescindirem de um evento tão importante por medo de ataques ucranianos, mas é essa a realidade, ano e meio depois do início da invasão em grande escala.
Não é possível saber se este ataque foi mesmo obra de forças especiais ucranianas, se é um evento fabricado pelo Kremlin para justificar ataques mais duros que a Rússia esteja a planear, ou se foram opositores russos a lançar o ataque.
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