Guerra na Ucrânia

PSD quer Costa a demarcar-se da posição de Lula sobre guerra: “Portugal não pode pactuar com quem esquece que há um agressor e um agredido”

PSD quer Costa a demarcar-se da posição de Lula sobre guerra: “Portugal não pode pactuar com quem esquece que há um agressor e um agredido”
Rui Duarte Silva

O PSD, pela voz do vice-presidente Paulo Rangel, reconhece “importância fundamental” à visita do Presidente do Brasil a Portugal, “honra com respeito e afeto todo o povo brasileiro” e “gostaria de ver o Brasil como potência mundial emergente a mediar conflito na Ucrânia”. Mas lamenta e critica as posições de Lula, que “suavizam Putin”, e desafia o Governo português a tomar posição

Desta vez, o PSD não deixou que fosse outro partido a tomar a dianteira e veio desafiar o Governo, através do primeiro-ministro e do ministro dos Negócios Estrangeiros, a “tomar posição pública e formal” contra as declarações do Presidente do Brasil que responsabiliza os EUA e a UE pela evolução da guerra na Ucrânia.

Começando por deixar claro que o partido considera de “importância fundamental” a visita que Lula da Silva fará a Portugal na próxima semana, marcando presença na Assembleia da República no dia 25 de abril, o vice-presidente do PSD Paulo Rangel deu uma conferência de imprensa para deixar claro que “o PSD não pode deixar de discordar, criticar e lamentar as posições do Presidente do Brasil no que à Ucrânia diz respeito”.

“Nenhum país gostaria mais do que Portugal que o Brasil assumisse o papel de mediador [da guerra na Ucrânia] como potência mundial emergente que é”, afirmou o eurodeputado, acrescentando no entanto que Portugal “não pode pactuar” com quem “esquece que há um Estado agressor e um Estado agredido” e com isso “rasga os direitos mais sagrados do Direito Internacional”.

“Portugal é membro da União Europeia e da NATO”, sublinhou Rangel, avisando – numa referência às declarações de Lula da Silva quando este disse que a UE e os EUA estão a “incentivar a guerra” – que “nós vemos, ouvimos e não podemos ignorar”. Razão pela qual desafia o Governo a, “respeitando a soberania do Brasil, não deixar de se demarcar desta posição” e “contraditar que a UE é hoje uma parte na guerra”.

Insistindo que para o PSD a visita de Lula a Portugal é “muito oportuna e útil”, Paulo Rangel deixou claro que o seu partido “sempre defendeu que o Presidente brasileiro deve ser recebido na Assembleia da República e deve usar da palavra” no hemiciclo. Embora o PSD entendesse que isso nunca deveria acontecer na sessão solene comemorativa do 25 de abril nem numa outra sessão no mesmo dia.

Tendo sido essa a opção do Presidente da Assembleia, Rangel diz que o PSD “lá estará, com honra”, na sessão de receção a Lula da Silva, manifestando “respeito e afeto por todo o povo brasileiro”. Mas reiterou que esta visita "não pode ser feita com silêncio nesta matéria [a guerra da Ucrânia e as posições do PR brasileiro].

Além de se demarcar da posição do Chega, que promete ações de protesto pela presença de Lula na AR no 25 de Abril, o PSD antecipa-se na tomada de posição diplomática e deixa o desafio ao Governo português.

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