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Guerra na Ucrânia

Adoção ilegal de crianças ucranianas: “Se as suspeitas são infundadas, organize-se a visita de observadores”

Adoção ilegal de crianças ucranianas: “Se as suspeitas são infundadas, organize-se a visita de observadores”
LOUISA GOULIAMAKI/GETTY

A comissária para os direitos humanos do Conselho da Europa visitou Kiev e, de regresso, concedeu uma entrevista ao Expresso. Traz o pensamento agitado pelos arredores destruídos pelos combates, a terra lamacenta, revolta pelos que tombaram, a paz dos cemitérios, o busto de Taras Shevshenko com a bala cravada na testa. E fala da deportação de crianças, que dias depois desta conversa deu azo a uma acusação do Tribunal Penal Internacional contra o Presidente russo

Tomás Guerreiro

Dunja Mijatovic considera importante que se aplique a justiça internacional na sequência uma guerra. Numa conversa com o Expresso, dias antes de Vladimir Putin ter sido formalmente acusado pelo Tribunal Penal Internacional devido à deportação forçada de crianças ucranianas para a Rússia, a comissária destaca ainda a incoerência das políticas europeias de acolhimento a migrantes, a vitalidade da sociedade civil para as democracias e a esperança que a paz regresse ao continente.

Era jovem quando a sua mãe, Tatjana Ljujić-Mijatović, integrava a presidência tripartida de uma Bósnia-Herzegovina autodeterminada, antropofágica, em guerra consigo mesma. Ljujić-Mijatović rejeitou a política nacionalista sérvia e permaneceu em Sarajevo durante o cerco, para defender a multietnicidade do país, apesar de ter nascido numa família sérvia e de o pai ter comandado a resistência jugoslava durante a invasão nazi aos Balcãs, na II Guerra Mundial.

Dunja Mijatovic tornou-se um dos rotos determinantes no Conselho da Europa, organização internacional dedicada à defesa dos direitos humanos, da democracia e do Estado de Direito. Fundada após a II Guerra Mundial, é a mais antiga em funcionamento no continente. O Conselho soma aos 27 países que formam a União Europeia outros 19. A Federação Russa desvinculou-se após a invasão da Ucrânia.

A guerra na Ucrânia desgasta o conceito de direitos humanos?
Os direitos humanos são as primeiras vítimas da guerra. As pessoas são mortas, as famílias separadas, o terror torna-se constante e só o trauma o substitui. Milhões de pessoas fugiram da Ucrânia para os países vizinhos, abandonaram as habitações. Não é novo na Europa, a guerra recorda-nos o valor dos direitos humanos. Desde há um ano, o sofrimento aumentou e os direitos humanos degradaram-se a vários níveis. A guerra afeta-nos a todos. Além da solidariedade verbal, era importante que os governos, organizações internacionais e indivíduos se olhassem ao espelho e antecipassem o futuro, a fragilidade do sistema internacional que legamos às próximas gerações.

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