19 março 2023 8:22

Soldados russos em Volnovakha, na província ocupada de Donetsk
sefa karacan/anadolu/getty images
Para Putin, a invasão da Ucrânia é uma causa a qualquer custo e sem limitações de tempo. Para Kiev, o tempo traduz-se em desmobilização social, sofrimento das economias aliadas e apatia dos governos. Pode Moscovo beneficiar de prolongar por anos uma guerra que queria ver resolvida em poucos dias? Vários fatores indicam que sim
19 março 2023 8:22
Pequenos progressos a grande custo mostram como as tropas russas tiveram de mudar a forma de combater numa questão de meses: deixaram de dar ênfase à artilharia e aos veículos blindados e passaram a apostar em mais ataques de infantaria desmontada. O desgaste do equipamento é uma pedra cada vez mais bicuda no sapato de Moscovo. Canhões e tanques perdidos, munições a escassear e a reserva de projéteis a ditar a cadência dos gastos militares no terreno são indicadores de que a Rússia vê estreitar-se a possibilidade de novas ofensivas.
Para os analistas militares ocidentais, que contavam com a desmoralização dos militares russos, a única forma de a Ucrânia e a Federação Russa chegarem a acordo político é deixar Moscovo numa posição em que simplesmente não veja a continuação da guerra como benéfica. Mas se para a Ucrânia permanecer na luta é questão de sobrevivência, para a Rússia o conflito é como o oxigénio do regime. Não é caso único; muitos conflitos internacionais desenvolvem-se precisamente quando os líderes ficam ansiosos com a transferência de poder e tentam impedir revoluções internas exteriorizando tensões políticas.