Guerra na Ucrânia

Guterres quer que ONU seja parte de uma solução para o conflito na Ucrânia

Guterres quer que ONU seja parte de uma solução para o conflito na Ucrânia
Anadolu Agency

Objetivo passa por “uma paz justa baseada na Carta das Nações Unidas, no direito internacional e na recente resolução da Assembleia Geral”. Secretário-geral destacou também a “importância crítica” do prolongamento do acordo de exportação de cereais

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reuniu-se nesta quarta-feira em Kiev com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para "procurar soluções" que permitam alcançar uma "paz justa" para o conflito que dura há um ano.

"A soberania, independência, unidade e integridade territorial da Ucrânia devem ser mantidas dentro das suas fronteiras reconhecidas internacionalmente", disse Guterres no início da reunião.

"O nosso objetivo final é igualmente claro, uma paz justa baseada na Carta das Nações Unidas, no direito internacional e na recente resolução da Assembleia Geral", acrescentou o secretário-geral da ONU.

Guterres destacou que até que seja possível atingir esse objetivo, a ONU continuará os seus esforços para mitigar o impacto do conflito, tanto para a população ucraniana como para o resto do mundo.

O secretário-geral salientou a “importância crítica” do prolongamento do acordo de exportação de cereais da Ucrânia concluído com a Rússia, lembrando que é vital para o abastecimento mundial de alimentos.

"Quero sublinhar a importância primordial da prorrogação do acordo sobre os cereais, em 18 de março, bem como da criação de condições para tirar o melhor partido das infraestruturas de exportação", disse Guterres.

O secretário-geral lembrou que esta é a sua terceira visita à capital ucraniana, explicando que a sua presença deve ser vista como um “completo compromisso para encontrar soluções” para o conflito iniciado em fevereiro do ano passado.

Guterres salientou que o índice de preços da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) caiu quase 20%, ao longo do último ano, tornando-se essencial garantir as exportações de cereais e fertilizantes ucranianos (assim como russos) “para a segurança alimentar global”.

O líder das Nações Unidas aproveitou para lembrar que a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) tem estado mobilizada para salvaguardar a segurança das centrais nucleares da Ucrânia, incluindo Zaporíjia, a maior da Europa.

O secretário-geral da ONU defendeu que é possível negociar para conseguir a desmilitarização completa da área destas centrais, bem como o seu regresso ao funcionamento normal, oferecendo-se para mediar essas negociações.

Zelensky usou a sua conta na rede social Telegram para divulgar imagens da receção ao secretário-geral da ONU, referindo-se à importância da visita. "É muito importante conversarmos em Kiev sobre como restaurar a paz, a segurança internacional e a plena vigência da Carta da ONU, normas que são igualmente importantes para todas as nações do planeta", escreveu o Presidente ucraniano.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8173 civis mortos e 13.620 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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