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Guerra na Ucrânia

Turismo de maternidade: milhares de russas grávidas vão à Argentina procurar nova nacionalidade para os seus bebés

Alexander e Lia (nomes fictícios) foram ter um filho à Argentina e pretendem lá ficar. Outros saem pouco depois do parto
Alexander e Lia (nomes fictícios) foram ter um filho à Argentina e pretendem lá ficar. Outros saem pouco depois do parto
Márcio Resende

A cena repete-se todos os dias: uma legião de casais russos, a ponto de ter um bebé argentino, desembarca diariamente em Buenos Aires. A sua estratégia é conseguir nova nacionalidade que lhes permita uma alternativa de futuro ao regime de Vladimir Putin. O fecho da Europa aos russos, as ameaças de prisão na Rússia e o risco de mobilização para o Exército potenciam um fenómeno inusitado

Turismo de maternidade: milhares de russas grávidas vão à Argentina procurar nova nacionalidade para os seus bebés

Márcio Resende

Correspondente na Argentina

Em maio passado, Polina Zhukovskaia, empresária de 33 anos especializada em marketing digital, e Denis Eliseev, de 41, ativista de direitos humanos e advogado, decidiram sair da Rússia. Se ficassem, mais cedo do que tarde seriam presos por criticarem o regime autoritário de Vladimir Putin, potenciado pela guerra na Ucrânia. “Saímos da Rússia com cinco meses e meio de gravidez, mas não sabíamos o que acontecia na Argentina. Agora sabemos que há russos que vêm à Argentina só para ter um filho, obter documentos e regressar à Rússia. Achamos isso desonesto. Não estamos de acordo”, explica Polina ao Expresso.

“A Europa fechou-nos as portas. Não aceita os russos. Por isso as pessoas procuram saída pela Argentina. Não é normal russos usarem a Argentina para depois se irem embora, mas, para ser honesto, nem todos têm alternativa para proteger a sua família”, pondera Denis. O casal foi dos primeiros a chegar à Argentina na nova onda migratória provocada pela invasão da Ucrânia. Polina e Denis protestaram contra a guerra desde o primeiro dia, 24 de fevereiro de 2022, perante o Ministério da Defesa. Já estavam identificados pelo regime. Restava-lhes abandonar Moscovo, com paragens em Minsk, Istambul e Paris, até chegar a Buenos Aires.

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