Espanha avisa que cartas armadilhadas podem estar ligadas à guerra
EPA/ROMAN PILIPEY
O ministro da Administração Interna espanhol considera que as seis cartas armadilhadas enviadas a várias entidades no país “podem estar relacionadas com a invasão da Ucrânia pela Rússia”. Madrid alertou a Comissão Europeia para tomar medidas caso receba cartas semelhantes
O ministro da Administração Interna espanhol recomendou esta sexta-feira à Comissão Europeia e países parceiros que tomem medidas caso recebam cartas armadilhadas semelhantes às enviadas a várias entidades em Espanha. Fernando Grande-Marlaska admite que possam estar relacionadas com a guerra na Ucrânia.
Numa carta enviada aos Estados-membros e instituições da União Europeia (UE), o governante avisa que as seis cartas armadilhadas endereçadas ao primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, às embaixadas da Ucrânia e dos Estados Unidos, entre outros destinatários, “podem estar relacionadas com a invasão da Ucrânia pela Rússia”.
O ministro, citado pela agência espanhola Europa Press, dá conta dos pacotes detetados, o primeiro dos quais foi enviado a 24 de novembro para o Palácio da Moncloa (sede do Governo espanhol) e dirigido a Sánchez. Outros embrulhos foram recebidos, quarta-feira, pela embaixada da Ucrânia em Madrid e pela dos Estados Unidos na quinta-feira.
Outras cartas armadilhadas foram enviadas para o Ministério da Defesa, o Centro de Satélites da base aérea de Torrejón de Ardoz (Madrid) e a empresa de armas Instalaza, em Saragoça. Só o pacote que chegou à embaixada da Ucrânia causou danos pessoais, quando um trabalhador o abriu e sofreu ferimentos nas mãos.
Explosivos de fabrico caseiro
Segundo Marlaska, “as investigações e os resultados das análises que estão a ser realizadas por peritos da polícia nacional mostram que tanto as características dos envelopes como o seu conteúdo são semelhantes”.
Por isso, o ministro considerou “necessário informar as instituições europeias e os Estados-membros destes acontecimentos, que poderão estar relacionados com a invasão da Ucrânia pela Rússia, para que avaliem possíveis ações caso se repitam noutros países”.
O envio de uma carta armadilhada para a embaixada dos Estados Unidos em Madrid deu azo a uma forte operação policial
O Ministério da Administração Interna espanhol informou, quinta-feira, que os objetos armadilhados que estavam nos seis envelopes são de fabrico caseiro e provocam uma “deflagração com chama repentina”. A investigação indica que foram enviados de Espanha, todas em envelopes castanhos com “características semelhantes”, incluindo a caligrafia.
A existência das cartas foi noticiada após o anúncio, quarta-feira, da embaixada da Ucrânia. A primeira foi, porém, a enviada para o primeiro-ministro espanhol, em 24 de novembro. O Governo diz que não a divulgou para não gerar alarme social escusado.
Pacote de Torrejón pode ajudar investigação
Na noite desse dia foi confirmada a receção de mais uma carta, enviada ao diretor da empresa Instalaza, fabricante de armas de Saragoça que tem fornecido a Ucrânia. Já na manhã de quinta-feira foi detetado mais um envelope, na base aérea de Torrejón, endereçado ao diretor do Centro de Satélites da UE. Este foi o único envelope não detonado de forma controlada, pelo que se tornou crucial para a investigação.
Um quinto pacote foi enviado na manhã de quinta-feira à ministra da Defesa, Margarita Robles. Pouco depois era detetado um sexto pacote na embaixada dos Estados Unidos em Madrid.
As mensagens de Marlaska dirigem-se a responsáveis pela tutela da Administração Interna dos 27, à comissária europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, ao presidente da comissão de Liberdades do Parlamento Europeu, Juan Fernando López Aguilar, à diretora-executiva da Europol (Serviço Europeu de Polícia), Catherine de Bolle, e ao coordenador da operação antiterrorista da UE, Ilkka Salmi.
A todos explicou que a investigação foi assumida pela Audiência Nacional (tribunal que investiga terrorismo) e que ordenou “um aumento das medidas de segurança nas delegações diplomáticas presentes em Espanha, bem como noutras áreas de proteção especial”. Reforçou o nível de segurança decretado após o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro.
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