Guerra na Ucrânia

NASAMS: quais as vantagens do sistema de defesa antiaérea que chegou segunda-feira à Ucrânia?

Sistema de defesa antiaérea NASAMS
Sistema de defesa antiaérea NASAMS
Soldatnytt from Oslo, Norway. Øvelse Seapie (17 of 17)

O Ministério da Defesa ucraniano anunciou esta segunda-feira, dia 7, a chegada de sistemas de defesa antiaérea dos EUA, Noruega e Espanha. Entre eles está o poderoso NASAMS, um sistema militar com um sofisticado sistema de radar e sensores que representa uma melhoria significativa face à atual capacidade do exército da Ucrânia

A recente escalada dos ataques aéreos da Rússia contra o território ucraniano motivou urgência nos pedidos de ajuda militar pela liderança da Ucrânia. Agora, mais do que qualquer outro tipo de apoio, pedem um reforço nas defesas antiaéreas de Kiev - e os EUA estão prontos para responder.

Em causa está o fornecimento dos sistemas de defesa NAMSAS (National Advanced Surface-to-Air Missile System; Sistema avançado de mísseis superfície-ar, em Português), um dos mais poderosos equipamentos de proteção antiaérea a nível mundial.

A Casa Branca prometeu em julho dois sistemas NAMSAS à Ucrânia, sendo que pelo menos um deles já se encontra na posse do Governo do país, tal como anunciou esta segunda-feira Oleksii Reznikov, ministro da Defesa ucraniano, no Twitter. A estes vão-se juntar mais seis, que serão encaminhados ao longo dos próximos anos, não sendo ainda possível determinar as datas exatas.

O sistema militar é fruto da colaboração entre duas das maiores empresas do sector da defesa: a norueguesa Kongsberg Defense & Aerospace e a norte-americana Raytheon. As suas vantagens face ao equipamento militar que a Ucrânia possui hoje, nomeadamente quando comparado com os S-300, de origem soviética, estão relacionadas sobretudo com a sofisticação tecnológica do sistema.

Conjuga uma central de comando, um sistema de radar e sensores e munições que podem ser disparadas tanto de uma plataforma independente como da parte de trás de uma viatura. Em termos operacionais, é um dispositivo de médio alcance que consegue detetar ameaças a uma distância de 120 quilómetros - até 60 objetos distintos em simultâneo - e atingi-las entre um raio de 30 a 50 quilómetros.

A precisão é um dos principais trunfos do NAMSAS. O atual arsenal da Ucrânia é suficiente para intercetar e abater alguns dos mísseis e drones russos, pelo menos os mais lentos e pequenos, mas sente dificuldades com os mísseis-cruzeiro mais sofisticados.

Estes últimos são desenhados para voar o mais junto ao solo possível, evitando, dessa forma, a deteção. Nesta área, o sistema de radares e sensores do equipamento norueguês e norte-americano é decisivo.

Mais: é ainda económico e logisticamente favorável às limitações do exército ucraniano. Não são necessários mísseis intercetores especializados, já que este aparelho antiaéreo dispara um tipo de míssil mais barato, normalmente utilizado por aeronaves militares.

Muitos destes mísseis são fabricados nos EUA, e aqui entra a logística: já constam dos arsenais de grande parte dos exércitos da NATO, facilitando, assim, o seu envio para a Ucrânia.

Oleksii Resnikov, ministro da Defesa ucraniano, cumprimenta Lloyd Austin, secretário da Defesa dos EUA, na sede da Nato, em Bruxelas, dia 12 de outubro
POOL

De facto, a NATO tem presente a necessidade de fornecer a Kiev o máximo número de munições antiaéreas possível, especialmente agora que Vladimir Putin, Presidente da Rússia, parece cada vez mais decidido a forçar a submissão da liderança ucraniana através de bombardeamentos diários de alvos civis e energéticos no país.

Dia 12 de outubro, em Bruxelas, com uma reunião da NATO a servir de palco, países como a França, a Alemanha ou os Países Baixos comprometeram-se a reforçar o equipamento de defesa da Ucrânia.

Para além do já mencionado compromisso dos EUA, Emmanuel Macron, Presidente francês, prometeu enviar “radares, sistemas e mísseis antiaéreos”, enquanto a Alemanha, pela voz da ministra da Defesa Christine Lambrecht, confirmou que iria ser entregue um segundo sistema de defesa antiaérea IRIS-T (o primeiro já estava nas mãos do exército ucraniano).

Texto de José Gonçalves Neves, editado por Cristina Pombo

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: piquete@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas