Guerra na Ucrânia

Países dos Balcãs dão "grande passo para um futuro conjunto": cidadãos vão poder mover-se livremente entre fronteiras

O primeiro-ministro albanês Edi Rama (E), o primeiro-ministro da Macedónia do Norte, Dimitar Kovachevsky (C) e o presidente sérvio Alexander Vucic (D)
O primeiro-ministro albanês Edi Rama (E), o primeiro-ministro da Macedónia do Norte, Dimitar Kovachevsky (C) e o presidente sérvio Alexander Vucic (D)
Anadolu Agency/Getty Images

Albânia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Sérvia, Kosovo e Macedónia do Norte chegaram a acordo para que os seus cidadãos possam atravessar as fronteiras apresentando apenas um bilhete de identidade nacional, sem necessidade de um visto. O objetivo é criar um mercado comum idêntico ao da União Europeia

Os seis países dos Balcãs ocidentais chegaram a três acordos para facilitar a mobilidade transfronteiriça e avançar para a criação de um mercado comum, anunciou hoje a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock.

Os acordos serão formalizados a 03 de novembro e representam um "grande passo para um futuro conjunto", disse Baerbock, em Berlim, após uma reunião em que participaram os seus homólogos da região, bem como representantes de uma dúzia de outros Estados europeus.

A Albânia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Sérvia, Kosovo e Macedónia do Norte concordaram que os seus cidadãos poderão agora atravessar as suas fronteiras apenas com o seu bilhete de identidade nacional e sem um visto.

Além disso, as universidades reconhecerão os diplomas obtidos nos outros países sem terem de os validar, e na área do emprego aplicar-se-á o mesmo às qualificações profissionais, explicou Baerbock.

"Não se trata de insignificâncias técnicas, mas de um passo gigantesco no sentido da convivência, para um mercado regional conjunto", disse a ministra, para a qual a decisão representa também uma "aproximação" à União Europeia (UE), à qual os Balcãs Ocidentais "pertencem".

"Os jovens da Bósnia e do Kosovo poderão visitar-se mutuamente sem vistos, um estudante montenegrino poderá estudar para um mestrado em Tirana após a graduação, e um arquiteto da Macedónia do Norte poderá trabalhar na Sérvia sem muita burocracia", disse Baerbock.

Recordou que o formato conhecido como "Processo de Berlim" é responsável por outros sucessos, tais como a construção de infraestruturas para melhor ligar a região e a criação de fóruns para a sociedade civil e a juventude.

A decisão de hoje é um vislumbre de "esperança" num momento marcado pela guerra na Ucrânia, disse Baerbock, que também expressou a esperança de que daria aos jovens da região alguma confiança na política.

No início da reunião, a ministra tinha declarado que o objetivo final é a adesão à UE, um processo em que se fizeram "progressos" este ano, embora tenha expressado várias críticas aos governos da região a este respeito. É importante que a Republika Srpska, uma das duas entidades da Bósnia-Herzegovina, ponha fim aos "bloqueios políticos" e "políticas separatistas" "no interesse de todos".

Referiu-se também às tensões entre o Kosovo e a Sérvia, alegando que "não podemos permitir" já que "mantêm os dois países e toda a região atrasados", e apelou a ambas as partes para estarem mais disponíveis para estabelecerem um compromisso.

Finalmente, Baerbock encorajou o governo sérvio a alinhar-se com as decisões políticas europeias sobre questões como a emissão de vistos e, em particular, as sanções da UE contra a Rússia.

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