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Guerra na Ucrânia

O que esconde a lei marcial decretada por Putin: “Se Moscovo sentisse o controlo total daqueles quatro territórios, não teria de a impor”

Vladimir Putin
Vladimir Putin
SERGEI ILYIN

Lei funciona como uma espécie de estado de emergência, mas mesmo que aumente a mobilização não vai permitir recrutar pessoas capazes para o campo de batalha. Pelo contrário: um dos especialistas ouvidos pelo Expresso acredita que a população que ainda vive nas regiões ocupadas pela Rússia poderá rebelar-se e, não tendo já nada a perder, começar a combater os russos. Para além disso, fica uma porta aberta para a mobilização total. O que se retira de uma lei que “não tem qualquer base legal” e que parte do princípio de anexações que não são reconhecidas pela comunidade internacional?

O sucesso da contra-ofensiva ucraniana em Kherson pode ser a verdadeira razão para a decisão revelada pelo Presidente russo nesta quarta-feira: a lei marcial nas quatro províncias alegadamente anexadas pela Rússia. “Nas suas declarações de hoje, Putin frisou que já tinha sido imposta a lei marcial e que estava apenas a formalizá-la. Este anúncio é provocado, em larga medida, pelo que se está a passar em Kherson, com as autoridades a dizerem que iriam retirar os civis.” É o que defende Maximilian Hess, investigador do think tank norte-americano Foreign Policy Research Institute e fundador da empresa Enmetena Advisory, que avalia o risco político.

Vladimir Putin impôs a lei marcial em Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Kherson depois de autoridades russas terem alertado para um ataque ucraniano à cidade de Kherson, no sul do país. “Estamos a trabalhar para dar resposta a tarefas muito complexas e de grande escala, para garantir um futuro confiável para a Rússia, o futuro do nosso povo”, afirmou numa reunião do Conselho de Segurança Nacional da Rússia. Maximilian Hess acredita que a medida visa tentar evitar mais um desaire no teatro de guerra. “Os ucranianos terão lançado uma ofensiva que envolve duas brigadas de Nova Kamianka [a pouco mais de 100 kms a norte de Kherson], que foi libertada. É uma informação ainda não confirmada, porque os ucranianos tendem a não dar estas notícias, mas é um cenário altamente provável. As autoridades pró-russas na região têm avisado quanto a uma possível ofensiva ucraniana há uma semana, e isso está a desenrolar-se.”

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