Putin “desesperado” é “mais perigoso”, têm repetido os analistas militares durante os mais de sete meses de invasão. Edifícios residenciais danificados, um parque e uma universidade atingidos e a imagem ensanguentada de civis ucranianos nas ruas confirmam a teoria. O que se passou na segunda-feira revelou, de acordo com investigadores ouvidos pelo Expresso, a falta de estratégia (e de meios para a pôr em prática) de Moscovo. Foi o mais amplo ataque contra civis desde os primeiros dias de invasão russa: Vladimir Putin deixou a sua assinatura numa série de explosões de mísseis contra cidades ucranianas, entre as quais o coração de Kiev, Lviv, Dnipro e várias outras localidades distantes da linha da frente dos combates. Uma retaliação contra o “ato terrorista” de fazer explodir parte da ponte Kerch, argumentou o Presidente russo, mas analistas que seguem o regime e a atividade militar no terreno veem o que aconteceu na travessia entre Crimeia e a Rússia como um golpe embaraçoso, difícil de engolir. Os ataques à Ucrânia foram uma resposta aos críticos internos e uma tentativa de apaziguar os ânimos exaltados pela série de derrotas no campo de batalha.
Tiro ao alvo no ego de Putin
Os danos na ponte do Estreito de Kerch mereciam represálias, de acordo com Putin, que encara a infraestrutura como dotada de um grande significado simbólico para a Rússia. “Foi construída quase imediatamente depois de a Rússia ter anexado a Crimeia ilegalmente, em 2014, e a sua conclusão foi retratada como uma das maiores realizações do Governo de Putin, porque fornece uma ligação visível entre a Crimeia ocupada e a Rússia propriamente dita”, aponta John Erath, diretor de Políticas do Centro de Controlo de Armas e Não-Proliferação, em Washington, que orienta os trabalhos relativos a países como o Irão, a Rússia, a Coreia do Norte e China, bem como a política nuclear interna dos EUA.
Artigo Exclusivo para assinantes
Assine já por apenas 1,63€ por semana.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes