Ucrânia: Putin sublinha opção "inequívoca" da população após referendos

Presidente russo jà assinou os tratados de anexação de quatro províncias ucranianas:Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson
Presidente russo jà assinou os tratados de anexação de quatro províncias ucranianas:Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson
O Presidente russo, Vladimir Putin, sublinhou esta sexta-feira que os habitantes das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson efetuaram uma opção "inequívoca" para se unirem à Rússia e assegurou que serão protegidos por "todos os meios necessários".
"É uma decisão inequívoca", disse Putin num discurso prévio à assinatura dos tratados de anexação de quatro províncias ucranianas na Sala de São Jorge no Grande Palácio do Kremlin (sede da Presidência russa), após a realização de referendos denunciados por Kiev e pelos países ocidentais.
Os líderes separatistas dos quatro territórios ucranianos, Denis Pushilin (Donetsk), Leonid Pasechnik (Lugansk), Vladimir Saldo (Kherson) e Yevgeny Balitsky (Zaporijia), participaram na cerimónia de assinatura,.
“Os habitantes de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporijia vão tornar-se cidadãos russos para sempre”, garantiu o Presidente perante a elite política do país.
“As pessoas votaram pelo nosso futuro comum”, acrescentou Putin, que também exortou a Ucrânia a “terminar imediatamente as hostilidades”.
“Apelamos ao regime de Kiev para um cessar-fogo imediato, para que termine todas as hostilidades e regresse à mesa das negociações”, indicou no discurso perante o Governo, os deputados e senadores, e outros representantes do Estado russo.
O chefe de Estado russo frisou que as atuais autoridades de Kiev “devem respeitar a livre expressão da vontade popular” e considerou que esta opção “é a única via para a paz”.
Num discurso que se prolongou por cerca de 40 minutos, Putin acusou o Ocidente de pretender tornar a Rússia numa “colónia” e assegurou que Moscovo “não aspira” à restauração da antiga União Soviética.
“O Ocidente está disposto a tudo para preservar o sistema neocolonial que lhe permite parasitar e, na realidade, de pilhar o mundo inteiro. Querem ver-nos como uma colónia”, denunciou.
Perante a elite política e militar que enchia a ampla sala, Putin também assegurou que o seu país “não aspira” a restaurar a ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), apesar da ofensiva na Ucrânia.
“A URSS desapareceu, o passado não pode ser recuperado. E a Rússia não necessita disso hoje. Não aspiramos a isso”, declarou.
Nas suas declarações, muito críticas em particular face aos Estados Unidos, Putin também acusou os ocidentais de estarem na origem das “explosões” que provocaram fugas importantes nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, construídos para transportar gás russo em direção à Europa.
“Ao organizarem as explosões nos gasodutos internacionais que atravessam o fundo do Mar Báltico, começaram na realidade a destruir a infraestrutura energética europeia”, denunciou, ao atribuir esta “sabotagem” aos “anglo-saxónicos”.
Nesta lógica, o líder do Kremlin também acusou o Ocidente de destruir os Estados que não pretendem ceder a sua soberania.
“Para eles, é fundamental que todos os países cedam a sua soberania aos Estados Unidos”, declarou.
“Enquanto as cúpulas de alguns Estados aceitam voluntariamente o papel de vassalos, outros compram, amedrontam, e se isso não funciona, destroem Estado inteiros, deixando atrás de si catástrofes humanitárias, desastres, ruínas e milhões de destinos humanos alterados e destruídos”, prosseguiu.
O Presidente russo acusou ainda o Ocidente de pretender a privação total e absoluta da soberania dos povos.
“É daí que provém a sua agressividade contra os Estados independentes, os valores tradicionais e as cultuas autóctones”, concluiu.
As quatro regiões anexadas representam cerca de 15 por cento do território da Ucrânia, ou cerca de 100.000 quilómetros quadrados, um pouco mais do que a dimensão de países como a Hungria e Portugal ou um pouco menos do que a Bulgária, segundo a agência espanhola EFE.
Kiev, Estados Unidos e os seus aliados ocidentais condenaram veementemente os referendos, que classificaram como uma "farsa", e afirmaram que não vão reconhecer a anexação dos territórios.
Artigo atualizado às 17h20
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