Guerra na Ucrânia

Propaganda pró-guerra do Kremlin está a perder eficácia: um quarto dos telespetadores russos desligou a televisão

O Kremlin depende dos 'media' estatais para moldar a opinião pública
O Kremlin depende dos 'media' estatais para moldar a opinião pública
DIMITAR DILKOFF

Um novo estudo conclui que as audiências da televisão estatal estão a cair a pique. Moscovo continua a divulgar propaganda pró-guerra através das emissões televisivas

A propaganda pró-guerra do Kremlin parece estar a entediar os telespetadores russos e um quarto da audiência já desliga a televisão, mostra um estudo citado pelo jornal britânico "The Telegraph".

O "Moscow Times" revela uma investigação do centro independente Rosmir. O estudo apurou que apenas 65% dos entrevistados afirmaram que neste momento assistiam à programação das televisões estatais russas, um número bastante abaixo dos 86% registados no início da guerra.

O Kremlin depende dos 'media' estatais para moldar a opinião pública na Rússia. Os programas de notícias e análises produzidos pelo Estado nos canais de TV Channel-1, Rossiya-1 e NT, ligados ao governo, transmitem propaganda e os principais apresentadores, como o favorito do Kremlin, Vladimir Solovyov, tornaram-se nomes conhecidos.

Todos os analistas e comentadores que aparecem na televisão estatal russa são pró-Kremlin e a favor da guerra. A emissão não abre espaço a debate e as críticas, quando surgem, são no sentido de que o Kremlin está a ser demasiado brando com a Ucrânia. Alguns "peritos" ouvidos - professores, jornalistas ou militares aposentados - também são a favor de que se bombardeiem outros países pelo seu apoio à Ucrânia.

Moscovo nunca teve de manter o seu controlo sobre a programação televisiva durante um período tão prolongado e a "receita" parece estar esgotada.

Sondagens mostram decréscimo do apoio à guerra

Com menos pessoas a assistirem aos canais que difundem propaganda, o apoio à guerra poderá diminuir e há já sinais desse fenómeno. A simpatia para com a "causa" do Kremlin pode ter diminuído à medida que a vida na Rússia se tornou mais difícil, como resultado das sanções ocidentais.

De acordo com o "Telegraph", um estudo também nota que o número de pessoas que jantam em restaurantes de Moscovo caiu para os mínimos de cinco meses, já que os produtos encareceram. Os cinemas também alertaram que, sem maiores apoios estatais, podem fechar, porque Hollywood já não distribui os seus sucessos de bilheteira.

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