7 agosto 2022 12:28

Vista aérea de Mariupol, cidade do sul da Ucrânia tomada pela Rússia
andrey borodulin/afp/getty images
Viktoria Nikolaevna Popova e o seu filho de 33 anos passaram 15 dias num abrigo anteaéreo e quando saíram não tinham casa. Foram levados para os "campos de filtragem", interrogados várias vezes mas não sofreram violência física. Essa está normalmente reservada para os homens suspeitos de terem ligações às forças armadas. Foram 12 dias de incerteza, que Viktoria contou ao Expresso. O MNE da Rússia aceitou responder a algumas perguntas e garante que a segurança dos refugiados é sempre prioridade, e que as evacuações para ocidente são autorizadas quando são consideradas seguras
7 agosto 2022 12:28
Depois de o sol se pôr, Viktoria tinha de acender duas velas para conseguir ver o filho. Às vezes havia jantar, outras só pickles de couve. Na escuridão da garagem onde se abrigaram das bombas ao longo de 15 dias, sem luz, aquecimento, água corrente e rede no telemóvel, mãe e filho pensavam só em fugir, mas lá fora a batalha fazia-se mais intensa. Numa manhã calma, saíram do abrigo e foram dar com o 9º andar onde viviam negro e oco, consumido pelo fogo.
Viktoria Nikolaevna Popova e o filho, de 33 anos, que pediu anonimato, são de Mariupol. Tiveram de fugir, mas não puderam escolher para onde. O filho mais novo de Viktoria, membro do Batalhão Azov, ficou encarcerado na metalúrgica Azovstal até 21 de maio. Nem mãe nem irmão tinham forma de o ajudar e, por isso, partiram, num autocarro apinhado, para as chamadas zonas de “filtragem”, edifícios públicos em zonas controladas pela Rússia onde quem foge da Ucrânia é interrogado para determinar o seu nível de hostilidade à “operação especial”.