Guerra na Ucrânia

Rússia diz ter destruído “infraestrutura militar” no porto ucraniano de Odessa

Отгрузка кукурузы. Черное море
Отгрузка кукурузы. Черное море
Даниэль Михайлеску

Na véspera, Moscovo tinha negado, através de Ancara, qualquer envolvimento. “Os russos disseram-nos que não tinham absolutamente nada a ver com este ataque e que estavam a analisar o assunto”, revelou o ministro turco da Defesa. O ataque aconteceu menos de 24 horas depois da assinatura de um acordo para a exportação de cereais pelos portos do Mar Negro

A porta-voz da diplomacia russa afirmou este domingo que mísseis russos destruíram na véspera a infraestrutura militar do porto de Odessa, vital para a exportação de cereais ucranianos. Os mísseis Kalibr destruíram a infraestrutura militar no porto de Odessa, com um ataque de alta precisão, escreveu Maria Zakharova na rede social Telegram.

Esta afirmação surge depois de o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ter afirmado que os ataques destruíram a possibilidade de diálogo ou de um acordo com Moscovo.

No sábado, a Rússia negou a Ancara qualquer envolvimento nos ataques contra o porto ucraniano. Os russos disseram-nos que não tinham absolutamente nada a ver com este ataque e que estavam a analisar o assunto, revelou o ministro turco da Defesa, Hulusi Akar.

Segundo o porta-voz da Força Aérea da Ucrânia, dois mísseis atingiram o território portuário de Odessa e outros dois foram intercetados por defesas antiaéreas antes de atingirem o alvo.

Os ataques denunciados pela Ucrânia suscitaram a condenação da União Europeia e dos EUA, bem como da Organização das Nações Unidas (ONU), garante do acordo alcançado na sexta-feira para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais retidos nos portos do Mar Negro.

Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, em Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia –, devendo o acordo vigorar durante quatro meses, mas podendo ser renovado.

O Governo ucraniano acusou a Rússia de cuspir na carada ONU e da Turquia com o ataque e, num comunicado citado pelo portal oficial Ukrinfrom, de Kiev, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia afirma que a Rússia deve assumir toda a responsabilidade se o acordo alcançado for quebrado. É um ataque de Vladimir Putin ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e ao Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sustenta o porta-voz do Ministério, Oleg Nikolenko, recordando o papel de Guterres e Erdogan enquanto supervisores do acordo.

Guterres condenou “inequivocamente” estes ataques. O secretário-geral condena inequivocamente os ataques relatados hoje [sábado] no porto ucraniano de Odessa, declarou Guterres num comunicado, acrescentando que a plena implementação (do acordo) pela Federação da Rússia, Ucrânia e Turquia é imperativa.

Também a União Europeia condenou o ataque. A UE condena veementemente o ataque com mísseis russos ao porto de Odessa. Atingir um alvo crucial para as exportações de cereais, um dia após a assinatura dos acordos de Istambul, é particularmente repreensível, escreveu no Twitter o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate