Apesar das vitórias destas semanas no terreno, apesar das aparentes fraquezas das forças militares russas, o Presidente da Ucrânia defendeu este sábado que a guerra "só terminará definitivamente pela diplomacia" e admitiu há requisitos necessários à paz que só poderão ser alcançados por esta via.
"Discussões entre a Ucrânia e a Rússia, sem dúvida, ocorrerão", afirmou Volodymyr Zelenskiy numa entrevista a um canal de televisão ucraniano. “Sob que formato eu não sei – com intermediários, sem eles, num grupo mais alargado, a nível presidencial. Mas a guerra será sangrenta, haverá luta e só terminará definitivamente pela diplomacia.”
“Há coisas que só podem ser alcançadas na mesa de negociações. Queremos que tudo volte [como era antes], mas a Rússia não quer isso”, acrescentou.
A última ronda de negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia ocorreu há um mês, a 22 de abril na Turquia. Ambos os lados têm trocado acusações, culpando-se mutuamente pelo empasse nas negociações.
Agora, Zelensky avisou que a Ucrânia só retomará as conversações com a pré-garantia de que a Rússia não matará os militares retirados de Azovstal, em Mariupol. “O mais importante para mim é salvar o máximo de pessoas e soldados”, sublinhou.
Segundo a Rússia, 2.439 combatentes ucranianos renderam-se esta semana no complexo industrial. A Ucrânia espera trocar estes militares por soldados russos capturados.
No entanto, durante a última semana têm havido movimentações na Duma (parlamento russo) para que o Batalhão de Azov seja tratado como um grupo terrorista e por isso julgado na Rússia, sem ser incluído nas trocas de prisioneiros. Essa decisão poderá também levantar questões sobre a obrigação da Rússia de tratar estes combatentes como prisioneiros de guerra, seguindo as obrigações conferidas por esse estatuto ao abrigo da lei internacional.
Durante a entrevista, o Presidente ucraniano falou também na possibilidade da criação de um documento com garantias de segurança para o país, paralelo a eventuais negociações bilaterais. Este seria assinado por "amigos e parceiros da Ucrânia, sem Moscovo".
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: calmeida@expresso.impresa.pt