Guerra na Ucrânia

EUA alertam para tentativas de aumentar tensões na Transnístria. E apoiam "integridade territorial da Moldávia”

EUA alertam para tentativas de aumentar tensões na Transnístria. E apoiam "integridade territorial da Moldávia”
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Sem atribuir a responsabilidade pelos ataques a Moscovo, como fez Kiev, o porta-voz do Departamento de Estado americano assegurou que os EUA estão “preocupados com qualquer tentativa potencial de aumentar a tensão". Mas insiste que a região pertence à Moldávia - que anunciou reforço da vigilância na fronteira. Presidente da Transnístria apela à Moldávia e Kiev que "preservem a paz"

Os Estados Unidos alertaram terça-feira para as tentativas de “aumentar as tensões” na região separatista moldava pró-russa da Transnístria, na fronteira com a Ucrânia, após uma série de explosões que suscitaram o receio de um alastramento da guerra.

Apesar de não chegar ao ponto de atribuir a responsabilidade pelos ataques a Moscovo, tal como fez Kiev, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, assegurou que os norte-americanos estão “preocupados com qualquer tentativa potencial de aumentar a tensão".

A Presidente da Moldova, Maia Sandu, pediu esta noite "calma" e anunciou medidas para fortalecer a segurança do país que faz fronteira com a Ucrânia, após uma série de explosões naquela região separatista pró-Rússia. "Trata-se de uma tentativa de aumentar as tensões (...) Apelamos aos nossos concidadãos que mantenham a calma e se sintam seguros", disse Maia Sandu, após uma reunião do conselho de segurança nacional, anunciando o reforço dos controlos de transporte e patrulhas de fronteira.

Ned Price salientou ainda que a administração liderada por Joe Biden não tem “todos os detalhes”, mas reforçou os apelos à calma dos responsáveis moldavos. “Apoiamos totalmente a integridade territorial e a soberania da Moldava”, acrescentou.

A Ucrânia acusou na terça-feira a Rússia de pretender “desestabilizar” a região da Transnístria, após uma série de explosões que suscitaram o receio de um alastramento da guerra no país vizinho. “A Rússia pretende desestabilizar a região da Transnístria, o que sugere que a Moldova deverá aguardar a vista de ‘convidados’”, declarou no Twitter o conselheiro da presidência ucraniana Mikhailo Podoliak, numa referência aos soldados russos que invadiram a Ucrânia em 24 de fevereiro. “Se a Ucrânia cair, amanhã as tropas russas estarão às portas de Chisinau”, a capital moldava, prosseguiu Podoliak, apelando ao “trabalho em equipa” para que Kiev possa “garantir a segurança estratégica da região”.

A Presidente moldava atribuiu os ataques terroristas perpetrados nas últimas 24 horas na região separatista da Transnístria, à luta entre forças internas interessadas em desestabilizar a situação. "De acordo com as informações que temos, as tentativas de escalada estão relacionadas com forças internas da Transnístria que querem uma guerra e estão interessadas em desestabilizar a situação", disse Sandu. "Condenamos todas as provocações e tentativas de envolver a Moldova em ações que possam ameaçar a paz no país", insistiu a chefe de Estado.

Versão diversa tem o presidente da Transnístria, Vadim Krasnoselski, que apelou às autoridades da Moldova e da Ucrânia que "preservem a paz", após uma série de explosões em Tiraspol, capital da região separatista moldava pró-russa. Krasnoselski apelou ao governo da Moldova para "não sucumbir às provocações" e não permitir que o país "seja arrastado" para uma agressão contra a Transnístria, segundo a agência russa Interfax.

O líder da Transnístria lembrou que as relações com Moldova têm sido “pacíficas” e sublinhou a necessidade de “resolver questões vitais” para ambos os territórios, evitando “qualquer agressão que possa ser o prólogo de uma grande guerra”.

Krasnoselski apelou às autoridades ucranianas que investiguem o "movimento ilegal de certos grupos militares", a quem acusou de serem responsáveis pelos recentes "ataques terroristas" em Tiraspol. O presidente da Transnístria prometeu à população da região separatista que o governo "manterá a paz" e que os responsáveis pelos "atos terroristas" serão detidos.

Nas últimas 24 horas, pelo menos três ataques foram realizados no território do enclave separatista, segundo o Conselho de Segurança da Transnístria.

A Transnístria, território de apenas meio milhão de habitantes, a maioria eslavos, cortou relações com a Moldova após um conflito armado (1992-1993), no qual contou com ajuda russa.

Desde o fim desse conflito, que custou a vida de centenas de pessoas, a Moldova defendeu a integração dos dois territórios divididos pelo rio Dniester, uma condição que os separatistas sempre se recusaram a aceitar.

No âmbito do Acordo para a Solução Pacífica do conflito da Transnístria, assinado em julho de 1992, a Rússia estacionou 2.400 soldados para garantir a paz na região, mas esse contingente foi reduzido ao longo dos anos.

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