Finlândia deve candidatar-se à NATO “no final de maio”, depois será a Suécia: invasão da Ucrânia disparou apoio na opinião pública
Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO
GONZALO FUENTES
A adesão dos dois países à Aliança Atlântica está cada vez mais próxima, assegura o ex-primeiro-ministro da Finlândia Alexander Stubb. Com a guerra na Ucrânia, cada vez mais suecos e finlandeses concordam em aderir à NATO, mas a Rússia já ameaçou retaliar se as candidaturas forem para a frente
Motivadas pela guerra na Ucrânia, a Finlândia e a Suécia deverão apresentar a sua candidatura à NATO “dentro de semanas”, adiantou esta quinta-feira o ex-primeiro-ministro finlandês, Alexander Stubb.
“No início da guerra, disse que a agressão de Putin levará a Finlândia e a Suécia a candidatarem-se à NATO. Eu disse que não era uma questão de dias ou semanas, mas sim de meses. Tempo para rever: A Finlândia irá candidatar-se dentro de semanas, no final de maio. A Suécia será a seguir ou ao mesmo tempo”, escreveu Alexander Stubb no Twitter.
A ideia não é nova e esta quarta-feira, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Jens Stoltenberg, lembrou que a “eventual adesão da Finlândia e Suécia à NATO pode ser muito rápida”, uma vez que os dois países mantêm uma proximidade com a Aliança Atlântica já há muito tempo.
“Não há outros países que estejam mais próximos da NATO, que tenham trabalhado tão de perto connosco durante tantos anos, em termos de interoperabilidade e exercícios militares, além de que sabemos que cumprem os nossos requisitos ao nível do controlo político democrático civil das instituições de segurança e das forças armadas. Essa é a razão pela qual acredito que um eventual processo de adesão para estes países pode ser bastante rápido”, disse Jens Stoltenberg.
Cabe assim à Finlândia e à Suécia “decidirem se querem candidatar-se a ser membros ou não”, acrescentou o secretário-geral da NATO, a partir de Bruxelas. Caso decidam candidatar-se, a expectativa é que "todos os aliados os acolham”.
Vai haver uma “conferência importante” da Aliança Atlântica em junho e “claro que a NATO está a perguntar se a Finlândia e possivelmente a Suécia submeterão a sua candidatura antes disso”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Finlândia, Pekka Haavisto, numa reunião da organização militar esta quinta-feira.
KENZO TRIBOUILLARD/Getty
Apoio à adesão cresce nos dois países
Entretanto, na Finlândia, o apoio da população em aderir à NATO atingiu o valor mais alto de sempre. Mais de metade (60%) dos finlandeses apoia agora a adesão, mostra um inquérito realizado em março. Trata-se de um salto de 34 pontos em relação à última sondagem, realizada no outono, e é a percentagem mais elevada desde que estes inquéritos começaram a ser feitos no país, em 1998.
“Penso que os finlandeses neste momento são movidos pelo que eu chamo de medo racional”, disse Alexander Stubb, que também foi ministro dos Negócios Estrangeiros da Finlândia, numa entrevista à Axios. De facto, a guerra desencadeada pela Rússia aumentou as preocupações dos países ocidentais com defesa militar. A Alemanha, por exemplo, reforçou o orçamento para as forças armadas em 100 mil milhões de euros.
Também na Suécia a maioria da população é favorável à adesão à Aliança Atlântica. Uma sondagem feita no início de março pelo Instituto Demoskop mostra que o apoio dos suecos atingiu um máximo histórico de 51%, enquanto os votos contra caíram dez pontos, para 27%. O apoio na Suécia tem crescido desde que a Rússia anexou a Crimeia, em 2014.
No entanto, no mês passado, a primeira-ministra sueca Magdalena Andersson reconheceu que se o país decidisse enviar um pedido de adesão à NATO “desestabilizaria ainda mais esta área da Europa e aumentaria as tensões” com a Rússia.
E o Kremlin já deixou claro que os países que aderirem à organização iriam enfrentar “sérias repercussões políticas e militares” e obrigariam também a Rússia a “tomar medidas recíprocas”, numa referência clara à Finlândia e à Suécia.
Esta quinta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, deixou outro aviso. Se os dois países seguirem em frente, a Rússia terá de “reequilibrar a situação” com as suas próprias medidas. “Teremos de tornar o nosso flanco ocidental mais sofisticado para garantirmos a nossa segurança”, disse Peskov em declarações à Sky News.
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