O ministro da Defesa disse, esta quarta-feira, que o próximo Governo "terá de ter uma visão sobre as nossas prioridades na despesa" e que a "a Defesa terá de ser devidamente contemplada". João Gomes Cravinho falava em Bruxelas numa conferência de imprensa depois da reunião dos ministros da Defesa da NATO, em que o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, voltou a apelar ao reforço orçamental dos Estados-membros, à imagem do que já foi anunciado pela Alemanha e Dinamarca. Para a semana, no dia 22, haverá uma nova cimeira extraordinária da NATO com chefes de Estado e de Governo.
"Neste momento, Portugal tem um compromisso de gastar 1,68% do PIB em Defesa até 2024", disse o ministro, afirmando acreditar que o novo Governo - no qual ainda não se sabe se vai participar -, "no mínimo vai ter de fazer uma reflexão sobre o que pretende atingir na legislatura" até 2026.
Durante a reunião, "houve declarações muito generalizadas pelos aliados, em relação à disponibilidade dos diferentes aliados em aumentar a despesa", explicou Gomes Cravinho. Quanto a Portugal, "terá de ter em conta que a realidade estratégica mudou de forma muito significativa". Ainda não se sabe se o próximo Governo vai aumentar o orçamento da Defesa para além do que está combinado com a NATO, quando os três ramos das Forças Armadas - mas sobretudo a Marinha e a Força Aérea - se debatem com falta de verbas no orçamento de funcionamento e de operação para manter os equipamentos a funcionar.
Quanto à invasão russa da Ucrânia, o ministro português disse ser "fundamental manter o sangue-frio na NATO, e manter a abordagem prudente que tem sido seguida". Segundo Cravinho, a Aliança "não quer um conflito NATO-Rússia, mas a NATO não hesitará se for atacada".
Na reunião em que também participou o ministro da Defesa da Ucrânia, os aliados mostraram-se "extremamente unidos e extremamente determinados" o que são boas notícias para a Ucrânia são más notícias para o Kremlin", acrescentou o ministro. Cravinho considera que desta união "tem de resultar um fracasso estratégico para a Rússia, caso contrário seria uma ameaça para a NATO e isso não será tolerado". O ministro também referiu as "falsas narrativas" usadas pela Rússia para justificar o que quer fazer: "Quando fala de armas biológicas e químicas é uma fonte de preocupação". E voltou a sublinhar que "a NATO não hesitará em responder se houve qualquer incursão ou ataque conta território da NATO".
Na linha tradicional da diplomacia portuguesa, o ministro defendeu que a NATO não pode deixa de ter uma "abordagem a 360 gaus", porque a Rússia também está presente "de uma forma muito desestabilizadora para sul, em várias partes do continente africano", como no Mali ou na República Centro Africana, onde Portugal tem tropas. "Temos de ter atenção a isso, por causa de outras ameaças". A Rússia tem colocado em África forças de mercenários do Wagner Group, uma empresa com ligações ao Kremlin, mas que este nega sempre existirem.
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