Exclusivo

Guerra na Ucrânia

“A guerra não é um jogo, não é uma aventura.” Há já 5 portugueses a combater na Ucrânia

Imagem de um voluntário português que foi combater para a Ucrânia
Imagem de um voluntário português que foi combater para a Ucrânia

Havia até há poucos dias dois pequenos grupos de portugueses que ingressaram nas tropas internacionais que fazem frente à invasão russa. Estarão ainda a receber treino militar. No dia 20, parte um outro grupo de portugueses para a Ucrânia, composto por elementos da extrema-direita

“A guerra não é um jogo, não é uma aventura.” Há já 5 portugueses a combater na Ucrânia

Hugo Franco

Eunice Lourenço

Pelo menos um destes militares portugueses, de nome Nuno M., já colocou esta manhã de segunda-feira nas redes sociais a frase: “Está tudo bem. Um familiar de um dos portugueses garantiu à CNN Portugal que todos se encontram bem de saúde. O Ministério dos Negócios Estrangeiros disse ao Expresso que está a procurar “obter informações sobre eventuais cidadãos portugueses” na base militar de Yavoriv, reiterando o apelo para que nenhum nacional “se desloque para a Ucrânia”.

O Governo português pede aos portugueses que, ainda assim, decidam ir para aquele país que, pelo menos, notifiquem os serviços consulares. "Àqueles que ainda assim o façam, roga-se que ao menos sinalizem ao Gabinete de Emergência Consular a sua deslocação àquele país", apela o MNE. Ao que o Expresso sabe, o MNE está a ter dificuldade em obter as indentificações e contactos dos portugueses que estariam em Yavoriv, uma vez que não estão a ser facultados pelos seus contactos cá em Portugal.

O segundo grupo era até há pouco tempo constituído por dois luso-descendentes de França. Um deles é Sérgio, nascido em Setúbal, que revelou ao Expresso estar a receber treino militar perto de Kiev, juntamente com outros voluntários estrangeiros, entre eles vários brasileiros. "Cheguei à Ucrânia através da Legião Estrangeira, logo no início do conflito", explicou.

O luso-descendente diz ter experiência militar, como paraquedista, e tem praticado bastante com armas de fogo. "Estamos a prepararmo-nos para o combate." No seu pelotão tinha até há poucos dias outro luso-descendente, também oriundo de França. Mas que há poucos dias regressou a casa. "Fui uma espécie de irmão mais velho dele. Mas ele ficou assustado e quis voltar. Passou por um grande stress."

Sérgio encontra-se no mesmo pelotão de L. Paulino, um brasileiro que viveu em Portugal e foi voluntário dos Bombeiros do Dafundo, tal como o Expresso já revelou na semana passada.

Mas ao contrário do brasileiro, que coloca fotografias suas equipado e armado nas redes sociais, e partilha alguns posts sobre os momentos passados na Ucrânia, Sérgio é mais discreto: "Não estou aqui para fazer publicidade. A guerra não um jogo, não é uma aventura." E durante a conversa que manteve com o Expresso através da aplicação WhatsApp, evitou dar demasiadas referências pessoais.

Neonazis a caminho

O número de combatentes nacionais do lado ucraniano vai crescer nos próximos dias. No dia 20, parte um grupo de vinte pessoas, oito delas com o objetivo de se juntar a uma milícia neonazi ucraniana que se encontra em Lviv, mas o Expresso sabe que não é o Batalhão Azov, o mais poderoso grupo armado ucraniano de cariz neonazi.

O grupo é liderado por Mário Machado, que não irá ficar mais do que quinze dias na Ucrânia, pois está obrigado a apresentar-se quinzenalmente numa esquadra. Em novembro do ano passado, o ex-líder do movimento Nova Ordem Social foi detido por posse de arma ilegal na sequência de uma investigação da PJ, por suspeita de crime de incitamento ao ódio racial e violência nas redes sociais. Acabou por ser libertado com termo de identidade e residência.

Nos últimos dias, os nacionalistas portugueses têm acertado os pormenores da viagem através de mensagens encriptadas no Surespot e no Wickr Me.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate