Guerra na Ucrânia

“Já estou no terreno, é tudo o que vos posso dizer”: L. Paulino era bombeiro no Dafundo até decidir ir para a Ucrânia combater. Está com gente de “toda a parte do mundo”

“Já estou no terreno, é tudo o que vos posso dizer”: L. Paulino era bombeiro no Dafundo até decidir ir para a Ucrânia combater. Está com gente de “toda a parte do mundo”

L. Paulino recusa-se a revelar pormenores sobre motivações para combater num país distante onde não tem raízes, ou sequer a localização do seu batalhão

L. Paulino, de 27 anos, partilhou esta terça-feira várias imagens nas redes sociais onde se fotografou já devidamente equipado e armado para o combate ao exército russo na Ucrânia. Numa das fotos, vê-se o braço de um outro militar com a bandeira portuguesa. “Estou na Ucrânia e tenho dois portugueses no meu pelotão”, conta o brasileiro ao Expresso, numa conversa intermitente devido aos problemas de comunicação, via WhatsApp.

L. Paulino viveu em Portugal e integrou os bombeiros voluntários do Dafundo durante três anos. A informação foi confirmada pelo comandante daqueles bombeiros, Carlos Jaime. “Ele vivia aqui no quartel”. O brasileiro com raízes italianas é descrito como um “bom rapaz”, “alegre”, “corajoso” e atlético”. De acordo com Carlos Jaime, o brasileiro, que é solteiro, tem um filho no Brasil.

A decisão em juntar-se às tropas ucranianas foi colhida com “muita surpresa”. Carlos Jaime garante que não estava à espera que L. Paulino largasse de repente os bombeiros, “onde cumpria muito bem a sua missão”. E conta que há poucas semanas o brasileiro lhe telefonou de Londres a anunciar que ia partir. “Disse-me: ‘Vou combater para a Ucrânia. Reze por mim’. Ainda lhe perguntei se estava maluco mas na semana seguinte já estava a receber fotos dele em combate.”

Ao Expresso, L. Paulino recusa-se a revelar pormenores sobre motivações para combater num país distante onde aparentemente não tem raízes, ou sequer a localização do seu batalhão. “Já estou no terreno, é o que vos posso dizer.” O soldado adianta ainda que ao seu lado, estão muitos estrangeiros “de toda a parte do mundo”. E que alguns fizeram parte de “tropas especiais dos respetivos países”. Os dois portugueses do seu pelotão são do Porto, apurou o Expresso.

Numa última mensagem, L. Paulino envia um resumo do seu currículo. “Me chamo L. Paulino. 27 anos. Nascido em Petrolina [município de Pernambuco, no centro do Brasil]. Sou brasileiro e italiano. Moro na Europa desde 2018 estava a morar em Londres. Fui bombeiro em Portugal durante três anos.” O brasileiro diz ainda ser um militar da reserva no Brasil, tendo integrado o “Batalhão de tropa espacial de Caatinga” [O Centro de Instrução de Operações na Caatinga (CIOpC), situado no 72.º Batalhão de Infantaria Motorizado em Petrolina, é responsável por fornecer cursos de atuação na área a militares do Exército, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros] e também “agente penitenciário”.

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