Guerra na Ucrânia

“A Ucrânia somos nós”: centenas de pessoas em cordão humano junto à embaixada dos EUA em Lisboa

Foto: Embaixada dos EUA em Lisboa
Foto: Embaixada dos EUA em Lisboa

Manifestantes permaneceram concentrados até à noite a gritar palavras de ordem como “Putin rua, a Ucrânia não é tua”. Organizadores esperam que a iniciativa se estenda a outras cidades europeias

Centenas de pessoas estiveram esta sexta-feira em frente da embaixada dos Estados Unidos em Lisboa, em protesto contra a invasão da Ucrânia pela Rússia, uma ação replicada junto de várias embaixadas que os organizadores querem ver noutras cidades europeias.

José Pedro Dionísio, um professor universitário que está na organização do cordão humano junto de embaixadas de vários países, disse esperar que a ação leve a que manifestações idênticas aconteçam noutras cidades da União Europeia, o que não tem acontecido.

Com cartazes com frases como “Russians Stop Putin” (Russos parem Putin”, “Salvem a Ucrânia” ou “Mundo a uma só voz, Ucrânia Somos nós”, os participantes no cordão usaram também bandeiras da Ucrânia para demonstrar o apoio ao país, a sofrer uma invasão por parte da Rússia desde a semana passada.

Os participantes no cordão concentraram-se depois junto dos portões da embaixada, onde dois representantes do grupo entregaram uma carta a um elemento da representação diplomática.

O político socialista Sérgio Sousa Pinto foi um dos elementos a entregar a carta, destacando depois aos jornalistas que o papel de Portugal é estar ao lado dos que hoje saíram de casa para “exprimir de forma inequívoca a solidariedade do povo português” e dos seus representantes para com o povo ucraniano, “vitima de uma agressão bárbara e anacrónica”.

A concentração teve também como objetivo deixar uma mensagem de determinação de que a Europa possa apoiar o esforço dos combatentes ucranianos e os seus valores, que são também os valores dos portugueses, disse Sérgio Sousa Pinto.

Romam Barchuk, ucraniano a viver em Portugal, também participou na entrega da carta, um documento que “diz o que o povo ucraniano tão desesperadamente precisa, que é ajuda, que é assistência militar” e que é proteção, disse.

“E que protejam as nossas pessoas, as nossas pessoas estão a morrer, as nossas crianças estão a morrer e as nossas cidades estão a ser destruídas. Sabemos que com esta união, com o ocidente e com o mundo democrático ao nosso lado, conseguimos fazer a diferença. Já ficamos de lado há demasiado tempo e agora é altura de agir”, disse aos jornalistas.

Maria do Carmo Machado achou que era altura de agir. “Em vez de estar em casa a assistir às notícias esta é a forma que tenho de ajudar”, disse à Lusa, explicando que também já se inscreveu como voluntária junto da Câmara de Lisboa. “E se for necessário lá estarei”.

Disse que participou na iniciativa para defender a paz e apelar ao bom senso dos líderes, e para mostrar à Rússia que todos estão contra a invasão. “Estou indignada, estou zangada”, frisou.

Zangada e revoltada, está também Lídia Aguilar, outra das participantes. Voluntária no Instituto Português de Oncologia, onde já assistiu a crianças morrer com cancro, viu na televisão imagens de crianças ucranianas que estavam a fazer quimioterapia e que tiveram de interromper para ir para um bunker.

“Quase tive um ataque de coração ao ver esta injustiça. Como é que se pode atacar crianças que estão a querer salvar a vida? Foi isso que me trouxe aqui. Estou revoltadíssima”, disse, acrescentando que “é revoltante” matar crianças nas guerras.

Parte dos participantes no cordão humano da embaixada dos Estados Unidos partiu depois, a pé, para a embaixada da Alemanha, sempre acompanhados com música e a cantar, juntando-se também no local participantes de ações junto de outras embaixadas.

Cerca das 20h30 estavam ainda concentradas junto da embaixada algumas centenas de pessoas, gritando palavras de ordem como “Putin rua, a Ucrânia não é tua”, ou “O mundo inteiro a uma só voz, a Ucrânia somos nós”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate