França

Marine Le Pen e outros 11 condenados voltam a ser julgados em janeiro por desvio de fundos do Parlamento Europeu

Líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen
Líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen
Thierry NECTOUX/Gamma-Rapho via Getty Images

O julgamento do recurso do caso que envolve a líder da extrema-direita francesa e outros membros do Reagrupamento Nacional decorrerá de 13 de janeiro a 12 de fevereiro de 2026

A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, e outros 11 condenados por desvio de fundos do Parlamento Europeu vão ser julgados num recurso, de 13 de janeiro a 12 de fevereiro, decidiu hoje a justiça francesa.

O Reagrupamento Nacional (RN, extrema-direita), a sua líder, Marine Le Pen, e outras 11 pessoas, metade das quais condenadas em primeira instância, vão ser novamente julgados por desvio de fundos públicos, acusadas de terem criado um sistema entre 2004 e 2016 para pagar aos funcionários do partido com dinheiro do Parlamento Europeu. Os envolvidos no caso recorreram da sentença.

Numa audiência realizada hoje, o Tribunal de Recurso de Paris fixou para o início do próximo ano – mais de um ano antes da data prevista das eleições presidenciais francesas – o julgamento do recurso do processo.

Em 2015, o Parlamento Europeu (PE) lançou um alerta às autoridades francesas sobre a possível utilização fraudulenta de fundos do antigo partido Frente Nacional, posteriormente renomeado Reagrupamento Nacional, devido ao grande número de contratos de assistentes parlamentares que trabalhavam total ou parcialmente para o partido entre 2004 e 2016.

No final de novembro de 2024, o Ministério Público francês tinha pedido a condenação de Marine Le Pen a cinco anos de prisão, incluindo uma pena suspensa de três anos, uma multa de 300 mil euros e cinco anos de inelegibilidade com execução provisória.

O tribunal de Paris estimou que o prejuízo total foi de 2,9 milhões de euros desviados durante mais de 11 anos, ao longo de três legislaturas, uma vez que os eurodeputados do RN fizeram com que o Parlamento Europeu pagasse a pessoas que estavam efetivamente a trabalhar para o partido de extrema-direita.

Também o vice-presidente do RN, Louis Aliot, foi condenado a 18 meses de prisão, dos quais seis meses de reclusão, e a três anos de inelegibilidade pelo desvio de fundos públicos. No entanto, o tribunal optou por não aplicar a pena imediatamente.

Embora Marine Le Pen conserve o seu mandato de deputada por Pas-de-Calais, as consequências políticas da decisão são inescapáveis: enquanto aguarda uma decisão, não poderá candidatar-se a nenhuma eleição durante um período de cinco anos, ou seja, até depois das eleições presidenciais de 2027.

Em julho, a Procuradoria Europeia abriu uma investigação ao RN, liderado por Marine Le Pen e Jordan Bardella, e aos seus aliados de extrema-direita em Bruxelas, suspeitos de várias irregularidades financeiras.

Juntamente com os parceiros do Identidade e Democracia (ID) – antigo grupo político de direita e extrema-direita do Parlamento Europeu, substituído pelo grupo Patriotas pela Europa precisamente há um ano –, o partido francês é suspeito de ter gastado indevidamente mais de 4,3 milhões de euros entre 2019 e 2024.

A suspeita foi levantada num relatório do departamento de assuntos financeiros do Parlamento Europeu, divulgado por vários órgãos de comunicação social no início de julho.

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