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França

Julgamento em França: o heroísmo de Gisèle Pelicot face à sociedade que “banaliza a violação”

Gisèle Pelicot à entrada para o tribunal de Avinhão onde optou por um processo público, para chamar a atenção para o flagelo do abuso sexual
Gisèle Pelicot à entrada para o tribunal de Avinhão onde optou por um processo público, para chamar a atenção para o flagelo do abuso sexual
Arnold Jerocki/Getty Images

Abusada sexualmente por 50 homens, depois de drogada para esse efeito, a francesa promove, com os seus advogados, um processo judicial contra a sociedade patriarcal onde impera a cultura da violação

Lucas Sarafian, em Paris

O processo ainda não acabou, mas já entrou para a História. É esta a convicção dos advogados de Gisèle Pelicot, mulher que foi drogada e violada durante dez anos pelo seu ex-marido, Dominique Pelicot, e por dezenas de desconhecidos que este recrutava na Internet. “Este processo fará parte do testamento transmitido às gerações futuras quando foram confrontadas com um flagelo que não vai desaparecer”, afirmou em tribunal Stéphane Babonneau, um dos representantes de Gisèle, esta quarta-feira.

Após dez semanas difíceis de audiência no tribunal criminal de Vaucluse, o processo das violações de Mazan, onde cerca de 50 réus são julgados por terem violado Gisèle Pélicot, drogada por Dominique, entra na última fase, a das alegações finais. Para os advogados da vítima, o desafio é devolver a dignidade a Gisèle, mostrá-la como heroína, descrever “a sua coragem, o preço que pagou para mudar a sociedade”. Voltado para ela, afirmou Babonneau: “Gisèle Pelicot, foi além do que seria de esperar de si. É tempo de passar a tocha aos que travarão este combate que não escolheu. Este processo de Avinhão fará parte do testamento que deixaremos às gerações futuras”.

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