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França

Uma bala rasgou o coração de França: milhares saem às ruas, pilham lojas e incendeiam tudo à sua passagem

Subúrbios de Paris a ferro e fogo
Subúrbios de Paris a ferro e fogo
GONZALO FUENTES/REUTERS

A noite vai ser longa num país que vive uma nova explosão social – talvez a mais grave dos últimos 30 anos. Pela quarta noite consecutiva, haverá um aparato policial nas ruas de várias cidades francesas, para tentar acalmar os ânimos em fúria de milhares de jovens que pilham, queimam e destroem tudo à sua passagem

Ana Navarro Pedro, em Paris

Em pleno dia, entre o almoço e a hora do lanche de sexta-feira, dezenas, talvez três centenas de jovens invadiram o centro de Estrasburgo e atacaram a Apple Store. Num ápice, a loja foi vandalizada. “Não sobra nem um cabo”, disse-nos um colega jornalista desta cidade no leste da França. Estamos na ultra-chique Praça Kléber frequentada por diplomatas e eurodeputados (Estrasburgo abriga o Conselho da Europa e o Parlamento Europeu).

O bando dissolve-se nas ruas adjacentes assim que a polícia chega. Começa então um jogo do gato e do rato por entre nuvens de gás lacimogénio: pequenos grupos acicatam os guardas para serem perseguidos, deixando outros tranquilos a “limparem” a loja da Lacoste e tantos comércios quanto podem. Um fotógrafo do jornal local, o DNA, é parado por um miúdo de 10 anos que participa no motim: “Podes fotografar-me, eu sou uma vedeta”. À hora do lanche, já havia sete detenções. A mais nova tem 13 anos e meio. A situação acalmou, com promessas dos protagonistas de recomeçarem esta noite.

A França está a arder, mais uma vez. Um tiro fatal de um polícia contra um adolescente de 17 anos lançou o país num caos total. Três noites seguidas de motins de norte a sul causaram já centenas de milhões de prejuízos.

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