Resistir e negar tudo foi a estratégia utilizada pelo ex-ministro dos Transportes espanhol José Luis Ábalos na sua primeira comparência como arguido, perante o juiz Leopoldo Puente, do Tribunal Supremo, que conduz o grave processo por corrupção que afeta o Governo de coligação progressista chefiado por Pedro Sánchez. A instrução, baseada em relatórios da Unidade Central Operativa da Guarda Civil (UCO), descreve Ábalos como “parte principal” da rede do chamado “caso Koldo”. Terá enriquecido com comissões obtidas na comercialização de material sanitário, sobretudo máscaras, durante a pandemia.
O depoimento do ex-ministro durou três horas. Ábalos respondeu às perguntas do magistrado, do procurador anticorrupção e do seu advogado, mas não às das acusações particulares, que o juiz não deixou entrar na sala, forçando-as a unirem-se numa só, a do Partido Popular (PP, maior força da oposição). Exercem a acusação particular neste caso organizações de obscura trajetória, não raro ligadas a grupos de extrema-direita, presentes noutros casos que envolvem o Executivo ou parentes do primeiro-ministro (a sua mulher, Begoña Gómez, e o seu irmão David Sánchez) em alegados casos de corrupção: Mãos Limpas, Faz-te Ouvir, Associação Liberum ou Advogados Democratas pela Europa.
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